quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

FLOR DE LÓTUS AZUL


Quando Deus
Foi habitar naquele coração,
Ela ainda era menina,
Transbordando de emoção.
E no silencio de seu quarto
Deus rezava com ela:

-Faça-me de luz Senhor!
-De luz te farei e serás!
-Faz-me pura Senhor!
-Pureza levará no olhar!
-Faz-me flor Senhor!
-Um lótus azul será!
-Faz-me poeta Senhor!
-Farei mais,
Farei-te cordão dourado
Enfeitado de poetas lapidados!
Amem.


Rachel D.Moraes

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Carnaval e Poesia


Nesse carnaval vou me fantasiar de poetisa.
Uma caneta na mão e uma folha branca.
O Samba Enredo vai se chamar Emoção.
O nome da escola Unidos do Recanto.

Mestre sala o Poeta, Rainha a Palavra.
No cortejo vão sair trovas, versos e contos.
A fantasia vai dar o toque e certamente vai
tirar 10.

Frases serão as serpentinas no ar.
A bandeira multicor, o som no tom
junto aos duplix e triplix.

Amizade, amor, saudade vão sair num bloco só.
Vistam suas fantasias e colem no papel.
O Brasil todo vai ser um bloco na mesma sintonia
no mesmo céu.

Carnaval vai ser o encanto anunciado e letrado
na palavra em sol maior.


Yara Corrêa Picardo

domingo, 14 de fevereiro de 2010

AMOR DE CARNAVAL


Se de fato tu queres me encontrar
apesar de me teres transformado
na tua multidão, tu deves procurar
no alvoroço do baile triunfal
de teu tumultuado coração...

Eu sou aquele que tu vês se levantando
daquela sombra que virou teu chão.
Repara como eu engoli meu sim
para não ter que devolver teu não...

Se de fato tu queres me encontrar,
eu sou aquele que já foi embora
com uma flor na mão...


Afonso Estebanez

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

CARNAVAL EM VENEZA


No crepúsculo de Veneza
derramaste uma lágrima
como um rio abrindo um fio
no teu rosto maravilhado
de Colombina


Não cheguei a tempo
de usar uma gôndola vaga
para colhê-la com mesura
e juntá-la nos meus olhos
ao meu choro silencioso
de Pierrot


Uma orquestra de cordas
iluminava a Praça de São Marcos
quando sopraste uma promessa
inaudível
nos meus ouvidos ocupados
embevecidos com uma sonata
de Chopin


Quando dei por mim
encontrava-me só
junto à água verde-jade
descobrindo pelo frio
como anunciavam a tua ausência
os raios solares da manhã


Ao longe ouviam-se pombas
a rolhar sobre os telhados
e uma voz bradava
clamando com apelos apaixonados
por um desconhecido
chamado Arlequim


José António Gonçalves

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

SE NÃO FALAS


Se não falas, vou encher o meu coração
Com o teu silêncio, e agüentá-lo.
Ficarei quieto, esperando, como a noite
Em sua vigília estrelada,
Com a cabeça pacientemente inclinada.

A manhã certamente virá,
A escuridão se dissipará, e a tua voz
Se derramará em torrentes douradas por todo o céu.

Então as tuas palavras voarão
Em canções de cada ninho dos meus pássaros,
E as tuas melodias brotarão
Em flores por todos os recantos da minha floresta.


TAGORE

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Saudade


Vou esperar mais um pouco,
tenho a paciência dos tempos,
das antigas e velhas cantigas.
Vou deixar risonho teu pranto,
teu olhar em acalanto.
Sob a jura que a lua oferece,
sob a chuva que o coração enternece,
sem teu corpo pra me acalmar.
Vou esperar, fartar a terra,
eclodir sem ter guerra...
Esculpir teu rosto n'uma árvore,
mais tarde eu vou passar,
vou teimar viver cada ramo
que essa saudade lembrar.


Pedro Miller

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Santo e Senha


Deixem passar quem vai na sua estrada.
Deixem passar
Quem vai cheio de noite e de luar.
Deixem passar e não lhe digam nada
Deixem, que vai apenas
Beber água de sonho a qualquer fonte;
Ou colher açucenas
A um jardim que ele lá sabe, ali defronte.
Vem da terra de todos, onde mora
E onde volta depois de amanhecer.
Deixem-no pois passar, agora
Que vai cheio de noite e solidão
Que vai ser uma estrela no chão.


Miguel Torga

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Eu te amo muito além...


Amo-te tanto e quanto e mais e tudo,
Sei, tu és o mundo do meu mundo
Vida, dias, horas, minutos e segundos
Maior que o céu e que o mar profundo.

Amo-te na fragilidade da minha emoção,
Nas voltas e reviravoltas do meu coração
No teu olhar que me acerta e desconserta
Numa canção de amor na melodia certa.

Amo-te no improvável das possibilidades
No impossível que ora se faz saudade
Brisa leve que banha minha ansiedade
Na esperança que se chama felicidade.

Amo-te mais que tudo que possa existir
Teu coração sinto bater no peito em mim
Beleza desse meu amor que não tem fim
Além da vida, no infinito dos confins.


Marisa de Medeiros

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

MAIS UMA CURVA DO RIO


"Quando pensei que tinha chegado
era outra surpresa,
era mais uma curva no rio.
Quando calculei que tudo estava pago
havia ainda os juros
do tempo do esforço do amor.
Quando achei que estava acabado
os caminhos se espalmaram
como dedos da mão de um deus,
na torrente no vento
no sopro do universo..."


Lya Luft

AMO


Amo olhar o imenso areal parado no tempo,
Gaivotas sobrevoando, asas largas debatendo,
riscando o céu em vôos ignorados…
Amo os pássaros que semeiam cantos,
que vem em bandos, depois partem não sei para onde.
Mas deixam a paz e aos ouvidos o insistente canto.
Amo o som do mar, alegria vadia a invadir a areia,
passando, fluindo, cantando, sem parar…
Amo abraçar o vento, leve como o pensamento,
carregar conchas e sonhos, pensar que aqui sou feliz.
Se o tempo pesa nos ombros, confesso minha exaustão,
mas faço um novo poema para divertir a tristeza,
no final das contas a vida é boa e sonhos…bem,


Sônia Schmorantz

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Abraça-me...


Enquanto a lua não dorme
E o sol faceiro acorde
E te leve pra longe de mim
Deixa-me sentir seu calor
Na paz do seu abraço
Numa magia sem fim.
Beija-me...
Quando o sol se levantar
Faça-me juras de amantes
Deixa-me sentir seu gosto
Impregnado na boca
Pra que na saudade louca
Te sinta junto de mim.
E quando a tarde cair
Quase louca de saudade
Eu te busco e te preciso
Você volta para meu colo
A lua acende o sorriso
A noite sonda indiscreta
E o nosso amor... Assim
se completa.


Sirlei L. Passolongo

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

NOSSA CANÇÃO


Sempre que amanhece eu ouço
os pássaros em alvoroço
entoando uma melodia.

Fico inebriado e esqueço
de tudo que não mereço
no embalo da poesia.

Vejo o passado, o presente
e o futuro incandescente
desta nossa união.

Vejo a melodia bela
emoldurando na tela
do amor...a nossa canção!


MARINHO GIL

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Selinho p/meus amigos


http://marialbozolipoesias.blogspot.com/


É de coração que ofereço-lhes este mimo meus amigos;
e a todos que aki me visitarem.
Beijos na alma de cada um de voces.

sábado, 30 de janeiro de 2010

NÃO TE AUSENTES


Não te ausentes de mim
Para que os dias não se façam vazios
Para que as tardes não se esmoreçam
Deixando as prímulas da janela em pálida cor
Não te ausentes...
Pois o escuro da noite traz um
Silêncio que me assusta
Me pondo em sobressalto constante
Deixando meu corpo em febre
Deixa comigo sua presença
E com ela o azul celeste a colorir
As manhãs do meu viver
Sentindo o brilho do teu olhar
A me conduzir em rumo certo
Te quero próximo!
Caminhando no solo firme dos meus sonhos
Onde te busco em cada ponto do universo
Procurando teu rosto com carícias de seda
Não te ausentes!
Para que eu não viva a tatear tua imagem
Sentindo-me como constante sol a buscar-te
Te vendo como eterna sombra a fugir-me.


Simplesmente Teresa

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Tu poema!


Não há mais estrofes para que eu te componha,
São tanto os meus desejos que tu nem sonhas,
A poesia fica pequena pra descrever tanto amor,
Por mais que se esforcem as letras, nuca serão flor!

Teu olhar me penetra feito flecha de cupido,
Neste instante sou cristal, refratado e partido,
Perco o rumo, o caminho, o prumo e a direção,
Alcanças a minha alma e me deixas sem noção!

Assim sou prisioneiro atrelado a teus desejos,
Se me queres sou feliz e me perco em teus beijos,
Porem se não me queres sou poema que divaga,
Sou verso que se perde e rima que naufraga!


Santaroza

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Caras e cores


O branco da neve nos altos montes
O pão amadurecendo nos trigais.


O sol amarelo derrapando no oriente
O ôlho lembrando amêndoas doces.


O breu retinto da noite estrelada
O fruto escuro prenhe de seiva.


O vermelho maduro da pitanga
O melado que solta a cana doce.


O castanho, marrom, bege dourado
O leite achocolatado na caneca.


Todas as cores e raças misturadas
Na palheta que nos faz humanos.
Habitando esta terra de contrastes
Desejando o sonho que é de todos:
Vida decente e liberdade.


Helena Frontini

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Dissabor


Não é tão simples para mim
quanto possa parecer,
ser para você desta forma,
tão simples assim.

As loucuras dos dias,
ríspidas e insistentes palavras duras
não se desvanecem, não desaparecem
num simples amanhecer!

Preciso se faz dias de ventura,
de engrandecer o clima de amor,
embaladas nas doces aventuras,
para quebrantar todo dissabor.


MAURICIO FREYESLEBEN

domingo, 24 de janeiro de 2010

APRENDI COM O MAR


A sabedoria das águas
Ensina como se deve viver
Verdades que se aprende
No tempo certo do saber.

Mar beijando areia,
Sol que se esconde à tarde,
Repouso em teus braços faceira,
Enfeito-me de amor na lua cheia.

Vou levando minha vida
Sofrendo na hora certa,
Desfaço da ansiedade
Enfeito-me de primavera.

Lanço-me em lindos versos,
Vejo a vida com alegria,
Sou amante e sou amada
Faço do teu corpo minha enseada.

Ter no entardecer acolhida,
Penetrar no mundo mágico da fantasia,
Entregar-me em tua doce magia.

Arrebatar a tua alma
Sem ela não há amor que dure,
Fazer da vida uma constante aventura.


MÁRCIA ROCHA

sábado, 23 de janeiro de 2010

Grito


A solução estava no jeito que eu via as coisas,
o modo que eu acreditava ao menos...
Se eu tivesse sido avisado não teria caído
em tantas armadilhas, nem das coisas vãs
e nem do amor, mas felizmente fui "vítima"
e "réu confesso" de várias transgressões
que fiz em nome de tanta loucura...
De algumas saí ileso, já de outras
tento me recuperar até
hoje, embora sempre
venha à garganta um
"silencioso" GRITO visceral.


Pedro Miller

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

"DECLARAÇÃO"


Hoje, busco teu afago, teu carinho,
Quero sentir teu calor, te abraçar,
Provar teus lábios como doce vinho,
Neste cálice me saciar!

Quero poesias de amor recitar,
Quando esta paixão nos envolver,
Rosas vermelhas te ofertar,
Quando teu coração me acolher!

Quero uma doce brisa a nos beijar,
Milhões de estrelas neste anoitecer,
E uma linda lua a nos espreitar!

Amar-te e em teu corpo me perder,
Sentir teu bálsamo, me embriagar,
E nunca mais te esquecer!!!!


Poeta Cigano

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Aceite-me


Num mar de alegrias
vivo a procurar você
que finge não entender
que és a razão dos meus dias

Se achares algum dia
meu olhar bem ao teu lado
não lembres do passado
olhe pra mim e sorria


Veja em mim apenas amor
Eu também errei confesso
e em nome desse amor te peço
compreenda minha dor

Volte, razão da minha vida
traga seus beijos consigo
seja amante e amigo
seja essa pessoa querida

Se mais ainda lhe peço
a ofertar-me querido
por tudo que tenho sofrido
aceite o que lhe ofereço

Um coração despido de algemas
um corpo sofrido na saudade
uma alma que na ansiedade
diz baixinho:não temas


Maria Rita Bomfim

domingo, 17 de janeiro de 2010

Vim-lhe trazer flores!

Vim-lhe trazer flores!

No bouquet cada flor terá um significado.
Elas vão expressar o que eu sinto por você!
Camélia branca pela sua beleza perfeita!
Camélia rosada pela sua grandeza de alma!
Violeta pela sua lealdade, modéstia e simplicidade!

Crisântemo branco pela sua verdade e sinceridade!
Dália rosada pela sua delicadeza e sutileza.
Jasmim pela sua beleza delicada cheia de graça e amor...
Magnólia pelo seu amor a natureza e simpatia!
Orquídea pela sua perfeição e pureza espiritual...

Papoula pelos seus lindos sonhos...
Rosa branca pelo seu amor a Deus e pureza!
Rosa amarela pela doçura e carinho...
Muitas Tulipas e rosas vermelhas pela paixão!
Para te fazer uma linda declaração de amor...


Ernane Rezende

sábado, 16 de janeiro de 2010

ROSA NEGRA


negra rosa
rosa rara
meiga
exótica
mimosa
mutação
genética
lapidada
com esmêro
africana
torneada
espelho
insana.

diamante negro
jóia vegetal
seiva bendita
aroma de alcaçuz
breu brilhante
do roseiral.
pura arte
súdita do jardim
suspenso;
suspense,
treme
tremula,
ao vento
ferido,
por espinhos,
vizinhos,
caule delgado,
explendor rosáceo,
salve rainha.
incrustada no meu peito.
seu leito,
de vida,
viva
vicia
meu olhar!...


gustavo drummond

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

PAQUETÁ A ILHA DA POESIA


Quiçá Paquetá não seria
uma sereia do mar,
que com seu cantar
me atraia a sonhar,
esse sonho inspirado
... da Ilha da Poesia?

Se assim foi, obrigado
Netuno deus dos mares,
obrigado a Bragi e Idun,
deuses da aprazível poesia.
Obrigado Deus Pai Criador,
ao me permitir tal serventia.

O pacto está lançado
e vassalo da lírica,
me tornei, com muito
e o mais nobre agrado.
Me intua Mãe Poesia, que
eu acato e será realizado!


Antônio Poeta

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

ATENTE PARA A PLACA


Se te acercares das estradas sinuosas
Que margeiam de ponta a ponta, a minha vida,
Verás quantas mil lindas horas prazerosas,
Eu deixei de viver porque não fui querida.

Estive sempre afoita a procurar “o nada”,
“O vazio” “o inútil” a “futilidade”...
O melhor não vi, ao longo dessa estrada,
Porque me encontrava cega de vaidade.

Tudo que estava ao alcance de minha mão,
O verdadeiro amor, a paz e a alegria,
Parecia não satisfazer meu coração
- Desvairada, eu não sabia o que queria -

Não consegui voltar no tempo e me perdi.
Não atinei com aquela antiga direção,
Que me sinalizava e eu não entendi...
Era o caminho para alcançar teu coração!

Se conseguires encontrar em teu caminho,
Uma placa a sinalizar a direção,
Não ignores... poderás ficar sozinho,
E perder pra sempre teu gêmeo coração.


Mírian Warttusch

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

LÊS DEUX GUITARES


Vôo ao som de duas guitarras
Plaino nas nuvens
Buscando o som do além.

Transporto meus anseios...
E sonho no infinito,
Na busca do amor...além
Da terra
Do sentido
Da razão
Do real.

Busco a alma infinita
Que atravessa os mundos...
Reais e irreais.

Caminho à velocidade do som...
Compassado,
Ritmado,
Eternizado.

Busco no intimo...
Desejado,
Explorado,
Ansiado...a eterna luz.

Plaino nas nuvens,
Envolta em véus
Que despenteiam as notas
Envolvendo a sensibilidade,
A magia
E a pureza da alma,

Transportando o irreal almejado
E o sublime entardecer...
Nas notas que realçam as côres,
Melodiosas,
Ao infinito entender da
Eterna...eternidade.

Te busco...paraiso
Infinito da vida.


AMARILIS PAZINI AIRES

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

BRISA DO TEMPO


Primeiro era um banco
Frente ao mar calmo.
Sentados nele, calmos,
Dois marinheiros,
Que dividiam a mesma alma,
Falavam de amores passados
Que nunca passaram.

O mais velho tinha um porto em cada amor,
O mais moço tinha um amor em cada porto.

Havia neles uma solidão
Que o mar não continha.

No dia seguinte era um banco
Impregnado de vazios,
E um navio à procura de um porto
Que pudesse lhes conter a alma.


Oswaldo Antônio Begiato

domingo, 10 de janeiro de 2010

BORBOLETA AZUL


graciosa,
fascinante,
encanto encantado.
como saida agora
de uma tela de Renoir,
do sonho de criança.
vinte quatro horas
de vida.
efêmera,
passageira,
breve.
tinge este céu,
marque sua presença,
largue sua despedida.
esta maravilha intensa;
saudade desmedida.
derradeiro vôo livre.
cumpra sua sina.
borboleta-menina.
mas não me prive,
de a cada manhã raiada.
ver nascer pros lados do sul,
esta plenitude alada,
de uma nova borboleta azul!...


gustavo drummond

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

MARIA-ESTRELA


O rancho no pé-da-serra,
O engenho, o Riacho e o pomar;
O cafezal verdejante,
Na terra vermelha a florar:
Morava ali um caboclo,
Bastante feliz por amar,
A meiga e linda Maria,
Que, um dia,
Com ele subiu ao Altar.

E ele, às tardes, sentava,
Bem rente a um pé de jasmim,
E ali, com a sua viola,
À ela cantava assim:

" Maria! Não existe outra Maria,
Igual a você, entre as Marias,
Neste mundo de meu Deus...
Maria! Seu sorriso me embriaga,
E o luar até se apaga,
Ante a luz dos olhos seus."

Mas, certo dia, Maria
Doente ficou, foi com Deus:
E hoje o caboclo olhando pro céu,
Pergunta às estrelas que vê:
"Qual de Vocês é Maria?
Maria, que estrela é você?
Desça do Espaço sem fim,
Para ouvir os meus versos assim:"

"Maria! Não encontro outra Maria,
Igual a você, entre as Marias,
Neste mundo de meu Deus...
Por isso, quando o sol vier raiar,
Ele é que vai se apagar,
Nas águas dos prantos meus."


Sá de Freitas