sábado, 27 de novembro de 2010

Preto e Branco!

Mármore negro
esculpido
febre
dos sentidos
repetidora dos tempos
uníssono dorme
a vida
enquanto o homem não corrói.

Cão feroz late surdamente
seu querer equalizado
domar ignorado
desatino
o real sentido
do
pesadelo compilado.

Introduzir
no vazio provinciano
contraste plastificado
televizinho
mensagens queimando
vida receptora por um fio hipnotizado
centímetros de distancia,
novelas noir .

(Nélson Aharon)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

AS ESTRELAS

Busco lindas estrelas lá no céu,
No céu de manto escuro, sem luar,
E o firmamento, em calmo e suave véu,
Mostra miríades delas a brilhar.

Inefável momento apraz em vê-las,
Cintilantes na noite, na amplidão...
Oh, quão belas são as áureas estrelas,
Que pontilham de luz a escuridão!

Nessa contemplação fenomenal,
Viajo o cósmico mundo dos amores
Cheio do enigma que permeia o astral...

E, no vislumbre dessas visões belas,
Os meus olhos, à luz dos seus fulgores,
Adormecem de amor por todas elas...


J. Udine.

sábado, 20 de novembro de 2010

Então é você

Então é você
que bem antes de mim
diz o que eu queria dizer
tão bem quanto eu diria.
E quem diria?
ainda melhor

Acho que teu nome é poesia
e por isso todos te chamam

Então é você
tua simples presença
preenche a minha existência
me faz ver o que eu não via.
E quem diria?
ainda melhor

Acho que teu nome é vida
e por isso todos te querem

Então é você
que quando fala
instala a compreensão
de tudo que eu seria.
E quem diria?
Ainda melhor

Acho que teu nome é amor
e por isso todos te amam

E quando todos te chamam
quem sou eu pra não chamar?

E quando todos te querem
quem sou eu pra não querer?

E porque todos te amam
“eu sei que vou te amar”

Alice Ruiz

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A CANÇÃO DA SAUDADE

Que tarde imensa e fria!
Lá fora o vento rodopia...
Dança de folhas... Folhas, sonhos vãos,
que passam, nesta dança transitória,
deixando em nós, no fundo da memória,
o olhar de uns olhos e a carícia de umas mãos.

Ante a moldura de um retrato antigo,
põe-se a gente a evocar coisas emocionais.
Tolda-se o olhar, o lábio treme, a alma se aperta,
tudo deserto... a vide em torno tão deserta
que vontade nos vem de sofrer mais!

Depois, há sempre um cofre e desse cofre
tiramos velhas cartas, devagar...
É a volúpia inervante de quem sofre:
ler velhas cartas e depois chorar.
Que tarde imensa e fria!

Nunca mais te verei... Nunca mais me verás...
Lá fora o vento rodopia...
Que desejo me vem de sofrer mais!


Olegário Mariano

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Uma Visão Celeste!

Incrível tua alma bela: — um colar:
Áuricos são teus olhos em meus dias,
Luas de esmeraldas: — doce alegria!
(Uma silhueta de luz a me amar!...)

Meu amor: — quero teus lábios de mar:
—Aurora boreal, — Canta ventania!...
Rimo versos de amor com melodia...
Curto tua veste duma cor solar!

Beijo teu rastro, ao som da minha vida...
No ocaso sinto o bronze incontido,
Saio do papel com tinta. (— um metal!...)


Inda ecoam teus cabelos; um mistério
Zurzindo minha alma ao etéreo!...
— Álamo:- Tenho teus pés no final.

Machado de Carlos

domingo, 7 de novembro de 2010

Domingo


“Alguns guardam o Domingo indo à Igreja
Eu o guardo ficando em casa
Tendo um Sabiá como cantor
E um Pomar por Santuário.
Alguns guardam o Domingo em vestes brancas
Mas eu só uso minhas Asas
E ao invés do repicar dos sinos na Igreja
Nosso pássaro canta na palmeira.
É Deus que está pregando, pregador admirável
E o seu sermão é sempre curto.
Assim, ao invés de chegar ao Céu, só no final
Eu o encontro o tempo todo no quintal.“

Emily Dickinson