segunda-feira, 28 de dezembro de 2009


Eu escrevo meus versos
como se fossem pássaros
E desenho as palavras
com contornos em degrade
E me visto de sonhos
e festejo a vida no dançar das letras
E assim me faço acordes
de uma canção sem rimas

Lou Witt

Ergo uma rosa...


" Ergo uma rosa, e tudo se ilumina
Como a lua não faz nem o sol pode:
Cobra de luz ardente e enroscada
Ou vento de cabelos que sacode.

Ergo uma rosa, e grito a quantas aves
O céu pontuam de ninhos e de cantos,
Bato no chão a ordem que decide
A união dos demos e dos santos.

Ergo uma rosa, um corpo e um destino
Contra o frio da noite que se atreve,
E da seiva da rosa e do meu sangue
Construo perenidade em vida breve.

Ergo uma rosa, e deixo, e abandono
Quanto me dói de mágoas e assombros.
Ergo uma rosa, sim, e ouço a vida
Neste cantar das aves nos meus ombros. "


José Saramago