quarta-feira, 10 de março de 2010

Rimo e rimos


Passarinho parnasiano,
nunca rimo tanto como faz.
Rimo logo ando com quando,
mirando menos com mais.
Rimo, rimo, miras, rimos,
como se todos rimássemos,
como se todos nós ríssemos,
se amar fosse fácil.
Perguntarem por que rimo tanto,
responder que rima é coisa rara.
O raro, rarefeitamente, pára,
como pára, sem raiva, qualquer canto.
Rimar é parar, parar para ver e escutar
remexer lá no fundo do búzio
aquele murmúrio inconcluso,
Pompéia, idéia, Vesúvio,
o mar que só fala do amor.
Vida, coisa pra ser dita,
como é dita esse fado que me mata.
Mal o digo e já meu dito se conflita
com toda a cisma que, maldita, me maltrata.

Paulo Leminski

Opostos


Você é o brilho da vida... É Luz!
Eu sou as trevas. Sou escuridão.
Você é vênus e saturno em união!
Sou marte e júpter em conjunção.

Você é brisa suave... É calmaria...
Sou a tempestade. Eu sou trovão!
Você é a primavera e o outono:
juntos! Em uma só estação!
Sou o calor. Eu sou o verão.

Você é gente... É a multidão...
Eu sou o calar das vozes
_ sou a Solidão!
Você é bondade, doçura. É mel...
Sou a amargura. Eu sou o fel!

Você é paz... Silêncio... Paixão...
Eu sou tumulto. Barulho.
Sou o grito!
O descompasso do seu coração.

Somos opostos que se amam!
Você é o meu Amor...
Minha salvação...
A certeza da minha felicidade...
E eu sou a sua dúvida. A sua dor.
Eu sou a Contradição!...


Ginna Gaiotti®