sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O Poço


Cais, às vezes, afundas
em teu fosso de silêncio,
em teu abismo de orgulhosa cólera,
e mal consegues
voltar, trazendo restos
do que achaste
pelas profunduras da tua existência.

Meu amor, o que encontras
em teu poço fechado?
Algas, pântanos, rochas?
O que vês, de olhos cegos,
rancorosa e ferida?

Não acharás, amor,
no poço em que cais
o que na altura guardo para ti:
um ramo de jasmins todo orvalhado,
um beijo mais profundo que esse abismo.

Não me temas, não caias
de novo em teu rancor.
Sacode a minha palavra que te veio ferir
e deixa que ela voe pela janela aberta.
Ela voltará a ferir-me
sem que tu a dirijas,
porque foi carregada com um instante duro
e esse instante será desarmado em meu peito.

Radiosa me sorri
se minha boca fere.
Não sou um pastor doce
como em contos de fadas,
mas um lenhador que comparte contigo
terras, vento e espinhos das montanhas.

Dá-me amor, me sorri
e me ajuda a ser bom.
Não te firas em mim, seria inútil,
não me firas a mim porque te feres.

Pablo Neruda

Balé das Borboletas


Abro a janela e contemplo o jardim
Borboletas bailam por sobre as flores
Do fiel jardineiro são seus amores
Farfalhando suas asas num festim.

A beleza de suas cores me encanta
Deixando em suave êxtase minh’alma
Trazendo ao meu coração muita calma
Doce brisa do vento me acalanta.

Alçam vôos em busca da liberdade
Envolvo-me também em seus anseios
Levam mensagens quais pombos-correios
Da poesia cantando a felicidade.

Saltitam, percorrem livres os ares
Voam à procura da essência do amor
Guerreiras aladas vencendo a dor
Sobrevoam céleres por sobre os mares.

Neneca Barbosa

Poesia da vida


Sobre as rosas que perfumam meus caminhos
eu declino cores, sons, versos e rimas
que dormitam em gotas de sereno
que as noites ligeiramente frias vem beijar...

Em mim há só amor, inspiração e poesia
embebidas no doce ar que respiro.

Vivo a me embriagar nas sutilezas
como uma folha, apêndice de uma rosa
a completar com encanto sua beleza...

E uma suave canção vive a vibrar
alegre no meu coração...
É aquela canção que ressoa no mesmo refrão:
Que amar nunca foi e jamais será em vão.


Denise Flor©