quinta-feira, 8 de outubro de 2009

O teu riso


Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.


Pablo Neruda

Sou isso!


Você me pensa e me constroe,
Mesmo tempo que me destroe,
Posto que se me mudas,
O meu eu é que desnudas.

Se seu olhar não sabe ver,
Então é preciso crer,
Não é preciso tatear,
Só é preciso enxergar.

Idealizar é perigoso,
Não sou um ser gasoso,
Fui moldado e construído,
Tenho que ser entendido.

Não posso ser seu rascunho,
Riscado a próprio punho,
Eu não sou seu pensamento,
Sou o que sou! Lamento.


Santaroza

"VEM VER O MAR"


“Olha, vou ver o Mar!
queres vir?

Vou aquecer
minh`Alma fria
estendê-la no Sol
deste dia triste
ausente de girassóis


Dialogar com as gaivotas
uma saudade de asas cortadas

Inventar a liberdade
e soltar o riso
por entre as grades

Há cheiros no ar
E a maresia
Desperta regressos

Vem!
Vamos dançar as ondas
perfumadas de maresia.”


luizacaetano

Versos de nós...


O sol do céu não cairá
e tuas lágrimas sempre hão de molhar
teus olhos.
Teu coração há de sempre amar
ou sofrer por amor
e inda com a dor,
fazer alegres versos.
E essa tua vida sendo um rio
sempre correrá ao mar
e em tua alma hei de buscar
bastantes nexo.
Jamais peças à tua alma
para deixar de amar-me
e como se de um poema a retirasse
deixar de ser meu melhor verso.


Paulino Vergetti Neto

É Tempo Do Nosso Tempo


Não me lembro bem o tempo
em que nossa história começou;
sei o que você me diz: Que foi você
primeiro, que me viu e me quis.
Mas bastou eu também lhe ver
e ao mesmo tempo, lhe querer.
Parece que Papai do Céu
mandou cegar e emburricar
todos os outros homens,
até chegar o derradeiro
tempo, para eu me achegar.
Agora, é comigo e com você,
só depende de nós dois,
darmos provas a nós e ao
mundo, que tudo tem um
tempo, e que nada ocorre
bem antes ou mais depois.
Esse é o nosso tempo, tempo
de recuperarmos o tempo,
e sararmos nossas cicatrizes.
Esse é o nosso tempo, tempo
de fincarmos nossas raízes,
tempo de ficarmos juntos e
todo o tempo, sermos felizes.
.

Antônio Poeta