quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Colho dores

Passeio no jardim, distraída.
Pensamento distante. Fui traída.
Baixo o olhar. Uma rosa. Arrepio.
Uma rosa vermelha. Sorrio.

Plantei roseiras p´ra colher rosas
De todas as cores, e cheirosas.
Esqueci espinhos protetores
E beija-flores, os benfeitores.

Toco a rosa. Espanto o beija-flor.
Puxo a mão. No dedo, aguda dor;
Na flor, latente gota de sangue;
Na pétala, colorido exangue.

Plantei roseiras. Não colho cores,
Nem graça, nem olores, mas dores.
Absorta, ferida, para mim
Volto. Atinjo meu próprio confim.


Mardilê Friedrich Fabre