quinta-feira, 30 de julho de 2009
Venha...
Venha antes da
Lágrima cair...
Traga-me a tua luz
Antes que a solidão
Anoiteça e se aposse do
Meu olhar...
Derrama sobre o meu
Esse teu amor contido e
Sensível...
Cala-me o lamento
Da alma com teus beijos
E que meu coração ouça
Os sussurros dos teus
Desejos apaixonados...
Acolha-me na serenidade
Da paz quando em teu
Abraço quedar-me feliz...
Venha antes que eu
Adormeça na saudade...
Essa saudade que te
Ama intensamente...
Essa que soluça por ti...
®Cida Luz
Alta Tensão
Eu gosto dos venenos mais lentos,
dos cafés mais amargos,
das bebidas mais fortes,
e tenho apetites vorazes,
uns rapazes,
que vejo passar,
eu sonho,
os delírios mais soltos,
e os gestos mais loucos,
que há e sinto
uns desejos vulgares,
navegar por uns mares de lá
você pode me empurrar pro precipício,
não me importo com isso,
eu adoro voar."
Clarice Lispector
CANTIGA
Bem-te-vi que estás cantando
nos ramos da madrugada,
por muito que tenhas visto,
juro que não viste nada.
Não viste as ondas que vinham
tão desmanchandas na areia,
quase vida, quase morte,
quase corpo de sereia...
E as nuvens que vão andando
com marcha e atitude de homem,
com a mesma atitude e marcha
tanto chegam como somem.
Não viste as letras, que apostam
formar idéias com o vento...
E as mãos da noite quebrando
os talos do pensamento.
Passarinho tolo, tolo,
de olhinhos arregalados...
Bentevi, que nunca viste
como os meus olhos fechados...
Cecilia Meireles
Soneto da Separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinicius de Moraes
Querer
Não te quero senão porque te quero
E de querer-te a não querer-te chego
E de esperar-te quando não te espero
Passa meu coração do frio ao fogo.
Te quero só porque a ti te quero,
Te odeio sem fim, e odiando-te rogo,
E a medida de meu amor viageiro
É não ver-te e amar-te como um cego.
Talvez consumirá a luz de janeiro
Seu raio cruel, meu coração inteiro,
Roubando-me a chave do sossego.
Nesta história só eu morro
E morrerei de amor porque te quero,
Porque te quero, amor, a sangue e a fogo.
PABLO NERUDA
Assim eu quero amar...
Oriente
manda-me verbena ou benjoim no próximo crescente
e um retalho roxo de seda alucinante
e mãos de prata ainda (se puderes)
e se puderes mais, manda violetas
(margaridas talvez, caso quiseres)
manda-me osíris no próximo crescente
e um olho escancarado de loucura
(em pentagrama, asas transparentes)
manda-me tudo pelo vento:
envolto em nuvens, selado com estrelas
tingido de arco-íris, molhado de infinito
(lacrado de oriente, se encontrares)
Caio Fernando Abreu
Faxinal do Céu
Entre as araucárias
se estende um manto verde
que desce até
a borda do lago.
Árvores ornamentais
dão um toque de beleza,
brindando a realeza
deste majestoso lugar.
Por entre as azaléias
caminha pensativa
a deslumbrante poetisa
em busca de poetisar.
Desfrutando momentos,
relembrando tempos passados,
cultivando o presente
em meio a tantas saudades!
Mauricio Chila Freyesleben
Dá-me tua mão
Amigo, que de longe vem,
pó do caminho nas vestes,
bondade no coração:
Pousa, qual pétala,
entre as minhas, a tua mão.
A amizade que trazes é tepidez
no cinza inverno dos dias!
E cheiram à cravo e rosa
tuas mãos de primavera.
Deixe-me sentir a doçura
de teu espírito azul,
fluindo...na maciez da palma.
De mão para mão.
De alma para alma!
Lenise Marques
Para ti
Se eu não chegar a tempo
Se eu não resistir até o próximo dia
Se eu embarcar sem aviso
Seu eu tomar chá de sumiço
Guarde esse pequeno escrito
Que pode até não ser bonito
Mas que fiz pensando em você
Então, se eu desaparecer
Lembre de relê-lo sempre
Para não esquecer da gente
Para me manter viva em ti
Relembrar da forma que sorri
Enquanto te escrevia esse verso.
Cáh Morandi
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