segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Arco íris da vida...


Se eu quiser que o céu seja cor de rosa
Vou morrer querendo
Não entendo,o céu é meu
É da cor que estou vendo

A rosa...não tem que ser cor de rosa
Pode ser vermelha,amarela ou branca
Não importa a cor...ela é bela
Perfuma e encanta

O sol então é amarelo?
No meu olhar,é da cor que eu quero
Pode ser um erro de cálculo
Com ou sem cor,é um grande espetáculo

O mar que cor será?
Azul,verde ou vermelho?
Guarda tantos mistérios
Pode ser amarelo

O luar...que belo luar
Em cada fase que está
O luar é dos apaixonados
Quando olha pra mim
Sua cor é carmim

O amor é incolor,você escolhe a cor
O meu tem cor desconhecida
Vou pintar o meu amor
Com a cor mágica da vida


Marisa de Medeiros

Sonata a quatro mãos...


Um dia o amor,
em meu coração chegou
Fez-se alegria,fez-se morada,
fez-se senhor.
Despertou o beija-flor,
desabrochou a primeira flor.
Era uma linda sonata,
tocada a quatro mãos
Mas surgiu o ciume,
que o amedrontou
E fez com que meus sonhos
desmoronassem.
Inseguro, frágil e indefeso
Meu coração chorou.
Minha sonata acabou
Restando-me a saudade
Que canta uma canção de mágoa
que se traduz em tristes pingos
d'água.


Clicia Pavan

Posso escrever os versos mais tristes esta noite


Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada,
e tiritam, azuis, os astros lá ao longe".
O vento da noite gira no céu e canta.

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu amei-a e por vezes ela também me amou.
Em noites como esta tive-a em meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.

Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.


Pablo Neruda