domingo, 20 de setembro de 2009

Beijos guardados no baú...


Guardo teus beijos num baú
Eles são minha razão de existir
Por vezes vou lá buscar um
Porque me é difícil resistir

São o bem mais precioso
Que me acalenta o coração
Esses beijos de amor gostoso
Que saboreio com emoção

O baú, deles está repleto
E quando lá vou, vou feliz
Roubar um beijo indiscreto

P’ra meu amor calar o desejo
Senão, ficará infeliz
Por teus lábios, que tanto almejo


**Fernando Ramos

O Ser ou o Desequilíbrio


Será o ser algo desdobrável
Ou incorruptível ao ponto único
De não ter mais nada em si
Do que a própria estrutura de ser?
E assim se o ser puro
Na sua essência , que a mesmo tempo
É e existe, nula e vaga?
Ou terá ele enchimentos?
Metamorfoses, como disse heráclito,
Que o tornam impuro e maleável,
Nunca o mesmo, mas sempre o ser,
Nunca eterno, apenas temporal,
Mas infinito na sua transformação.
Constante no seu desequilíbrio.
Como será enfim?
Pois ainda não há
Metafísica bastante que o explique…


Clóvis Brondani

Entre O Sono E Sonho


Entre o sono e sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho
Corre um rio sem fim.
Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.
Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.
E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre -
Esse rio sem fim.


Fernando Pessoa – Cancioneiro