segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Mar!


No vasto silencio de minha alma,
O fogo e o gelo campeiam nus,
Contrastes de meu estado de espírito.

Não é derrota ou fragilidade minha,
Apenas cansaço ante á mesmo batalha,
Que se repete indefinidamente aqui.

Então, hoje, dou-me ao direito,
Derradeiro, quem sabe, de ser feliz,
Mesmo que o mundo diga ser insano.

Os paradoxos fazem parte de mim,
O contraste é minha melhor defesa,
E sendo camaleão, meu melhor ataque.

Portanto, não me venha com pedras,
Hoje e não mais, elas me atingirão,
Eu consegui chagar ao mar.

Santaroza

FLORES


Devolvo-te as flores
que, escondido
enquanto a noite
enchia-se de estrelas
e tu de sonhos,
roubei de ti
para me perfumar,
Jardim Perfumado
que és.

E agora,
já perfumado de deusas,
devolvo-as
com o néctar
que emprestei
das abelhas rainhas
e com os beijos meus,
cuja fórmula doce
aprendi com o beija-flor.

Devolvo-as sem mais nada.

Apenas
espero que o silêncio
acomode-se entre os vácuos das palavras
e os sentidos as transparentem.


©Oswaldo Antonio Begiato.

Ar


Perfumes me recordam flores com
Aromas crocantes aos sabores agridoces
Hora do Ângelus que me lembra Shubert,
No primeiro abandono no velho internato.
Percebo que as abelhas em coro afinado,
Festejam a partida do sol na vertical,
Quando de lado posso estar deitado.
Relva, ou grama, entre trigais e girassóis,
Percebo em mim pinturas novas de Dali.
Traços de completo equilíbrio se fixam
Entre meu corpo e minha semente.
Preferências que até hoje não discuto.
Mas sinto sufoco de tantas perguntas.
E em grandes saltos entre um verso e outro,
Procuro ar na solidão que me recolhe.

Jaak Bosmans