terça-feira, 13 de outubro de 2009

POEMA A UMA DEUSA TERRENA


Que te cubram as folhas do plátano
quando a tarde esmaece nos jardins
a claridade gasta em fins de outubro.

Que sejas a mais solene a mais alta
nas lonjuras da abstrata serenidade
nas glórias do incenso na abnegação.

Que sejas a mais firme a mais ágil
nos desfiladeiros rudes da montanha
na transparência na nudez da água
na fortuna na mágoa alheia.

Que te cubram os mistérios até ao fim
na estrada por onde adoro o teu regaço:
a interior presença cintilante, encoberta,
das palavras que ressoam nos meus olhos.


Vieira Calado

Basta um raio de luar, basta uma fresta de sol,
Basta uma estrela a brilhar, basta a flor no seu crisol.
Basta um olhar de ternura, basta um beijo delicado,
Basta um abraço de amor, e o verso nasce letrado.
Basta o balanço do vento, basta a palmeira soprada,
Basta a criança feliz, basta o passo numa estrada.
Basta um minuto de calma, rimando ou fazendo prosa,
Basta sim, para o poeta; pouca coisa, é grandiosa!
Basta o amor no coração e uma ternura sem fim,
Bastou a tua amizade e o verso nasceu assim.

Mírian Warttusch