sábado, 29 de setembro de 2012


"Economizar amor é avareza.
Coisa de quem funciona na frequência da escassez.
De quem tem medo de gastar sentimento e lhe faltar depois.
É terrível viver contando moedinhas de afeto.
Há amor suficiente.
Há amor para todo mundo.
Há amor para quem quer se conectar com ele.
Não perdemos quando damos: ganhamos junto".

Ana Jácomo

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Milenar


por caminhos jamais experimentados
nos encontramos e nos amamos

só não sabíamos dos horizontes
e da trajetória do encontro milenar

mas ao chamado de vidas passadas
abrimos asas até então ignoradas

e seguimos a canção da eternidade
muito além das palavras


@Jade Dantas

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Fada


Cheguei ao teu âmago e tuas cores;
Adentrei o salão ao som de teu violino;
Olvidei o tédio ao badalar dos sinos,
Por instantes disse adeus às dores.

Tocaste só para mim, doces hinos!...
Nas notas, os acordes dos amores...
Em êxtase, curvei-me aos teus louvores;
Chorei com a emoção de um menino.

Na pauta, a grafia do teu cantar,
... Oh! Sons divinos da “Sonata ao Luar”!
Um som que não tivera nos meus ais!

Lindas melenas tal queda de luz!
De onde viera? Uma fada azul!?
Oh!... Vida cruel! Meu sonho nunca mais!


Machado de Carlos

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Hoje e amanhã




O meio termo já não me satisfaz.
Nem pessoas máximas vazias
Nem as ínfimas cheias de mais.
Se por isso me sentencias
Se não me compreendes mais
Digo-te novamente:
É a essência que busco!
Um coração cheio de gente
E não gente cheia de razão.
Quero a carne o osso, a alma
Quero tudo intensamente.
Quero dessa louca vida calma
Desde o fruto Até a semente!


Carolina Salcides

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Avesso

Pode parecer promessa mas eu sinto que você é a pessoa mais parecida comigo que eu conheço só que do lado do avesso. Pode ser que seja engano bobagem ou ilusão de ter você na minha mas acho que com você eu me esqueço e em seguida eu aconteço. Por isso deixo aqui meu endereço se você me procurar eu apareço se você me encontrar te reconheço.

Alice Ruiz

sábado, 2 de junho de 2012

MARESIA

Era uma noite calma era uma noite bela. No céu navegava um barco a vela, ou era uma meia lua pálida e nua??? Vagalumes cruzavam e esvoaçavam, entre estrelas luzentes e espantadas, que piscavam...piscavam madrugadas... o silêncio trazido pelo vento tinha cheiro de alga e maresia era uma noite calma, era uma noite fria, uma noite de pura fantasia... LUNA

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Soneto 17


Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais belo e mais ameno
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno.

Ás vezes brilha o Sol em demasia
Outras vezes desmaia com frieza; 
O que é belo declina num só dia,
Na terna mutação da natureza.

Mas em ti o verão será eterno,
E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás da morte ao triste inverno:

Nestas linhas com o tempo crescerás.
E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos vivos te farão viver.

[William Shakespeare]

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são docesPorque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vidaE eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperadosPara que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoadaQue ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

Vinícius de Moraes

quinta-feira, 29 de março de 2012

Amanhecer

Quero nascer de novo em cada dia que nasce.
Quero lavar-me, cada manhã, do homem velho,
da poeira velha, das palavras gastas, dos gestos rituais.
Quero que cada manhã, a alma desabroche do sono
como a rosa do botão, e surja como a aurora do oceano,
ao sorriso dos teus lábios, ao gesto de tua mão.
Quero me engrinaldar para a festa renovada com que cada dia nos convida.
Quero crer, a cada nova aurora, que esta é a definitiva,
a do encontro com a felicidade, a da permanência assegurada,
a de teu sim definitivo.

*Chico Xavier*

quarta-feira, 14 de março de 2012

Enleio

Queria falar de mim nesse poema,
mas fico tão absorto,
que nem me respondo...
Prefiro falar de ti,
só assim, tenho agitados arroubos
de afetos brandos.

Tens flores no sorriso;
no olhar, afagos solares...
Teu sereno semblante
desata as horas mortas,
cintila na solidão,
no vazio, no vago,
se estrela.

[Aedo]

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Lindo, maravilhoso e belo!


Se a tua sensibilidade te faz perceber,
Toda a beleza do mundo, em sua criação,
Deus te fez poeta... e veja, ao te conceber,
Colocou o mundo dentro do teu coração!

Só o poeta se encanta com as estrelas,
Só o poeta sabe ouvir o som do mar...
Só o poeta faz as rimas; e ao concebê-las,
Traduz no poema o doce som do verbo amar.

O Planeta sobrevive - feliz ele anuncia,
Não se assossega o poeta; luta à cada dia,
Para mostrar as belezas que fez o Criador!

...Cada poeta é um anjo bom a cultivar o amor...
Poetas venham encher o mundo de esperanças,
Plantem seus versos no coração de todas as crianças!

[Mírian Warttusch]

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Silêncio de cada dia


Em cada dia
silêncios surgem
em retalhos de estrelas,
colhidos nas frestas
do meu inverno oculto

Sussurra a noite fechada
dentro de mim,
a palavra não respondida,
o passo lento da espera,
o caminho do tempo submerso

Represento a dúvida
do meu não saber,
as trilhas desfeitas do meu ser,
buscando o falar
distante do meu ouvir

Conceição Bentes


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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Vozes Do Coração


A poesia declamada
ou a música cantada
são vozes do coração,
pois falam às nossas almas
inebriando nossa emoção.

Das profundezas de seu ser
os poetas e os letristas
rebuscam o seu sentir,
repassando para o mundo
a alegria que contagia o viver.

Escreventes mensageiros
do pensar e do formar;
com nossa arte majestosa
suavizamos vossos fardos,
vivificamos a dádiva do amar.

Somos sim, sensíveis,
que parecemos adivinhar
o que os outros
sentem o tempo todo,
mas, não sabem contar.

Todo poema é uma música,
toda letra é um poema,
mas sempre será o amor
entre todos os motivos a se compor
o nosso mais inspirador tema!

Antônio Poeta

sábado, 28 de janeiro de 2012

Caindo a tarde rosada...


Caindo a tarde rosada,
Num barquinho de papel,
saí procurando sonhos
de verdes esmorecidos,
lilazes assombreados...
E tudo se confundiu...
O meu caça borboletas se encantou!
Voava amparando estrelas,
que bailando pisca pisca,
se esparramavam pingando
brilhantes iluminados,
que cantavam
em derredor.
E a luz do candeeiro
que sossegado espreitava,
se assustou e acendeu no abraço dado
de estrelinhas brincalhonas
na noite que então chegava.
E a lua , de longe sorria, se divertia
com a algazarra da magia...

Gaiô

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O Bêbado e A Equilibrista ==


Caía a tarde feito um viaduto
E um bêbado trajando luto
Me lembrou Carlitos...

A lua
Tal qual a dona do bordel
Pedia a cada estrela fria
Um brilho de aluguel

E nuvens!
Lá no mata-borrão do céu
Chupavam manchas torturadas
Que sufoco!
Louco!
O bêbado com chapéu-coco
Fazia irreverências mil
Pra noite do Brasil.
Meu Brasil!...

Que sonha com a volta
Do irmão do Henfil.
Com tanta gente que partiu
Num rabo de foguete
Chora!
A nossa Pátria
Mãe gentil
Choram Marias
E Clarisses
No solo do Brasil...

Mas sei, que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança...

Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar...

Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar...

Elis Regina

domingo, 8 de janeiro de 2012

Amigos

Tenho amigos que não sabem o
quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes
devoto e a absoluta
necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais
nobre do que o amor,
eis que permite que o objeto dela
se divida em outros afetos,
enquanto o amor tem intrínseco o ciúme,
que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar,
embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os
meus amores, mas enlouqueceria
se morressem todos os meus amigos!

Até mesmo aqueles que não percebem
o quanto são meus amigos e o quanto
minha vida depende de suas existências ....
A alguns deles não procuro, basta-me
saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir
em frente pela vida.

Mas, porque não os procuro com
assiduidade, não posso lhes dizer o
quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão ouvindo esta crônica
e não sabem que estão incluídos na
sagrada relação de meus amigos.

Mas é delicioso que eu saiba e sinta
que os adoro, embora não declare e
não os procure.
E às vezes, quando os procuro,
noto que eles não tem
noção de como me são necessários,
de como são indispensáveis
ao meu equilíbrio vital,
porque eles fazem parte
do mundo que eu, tremulamente,
construí e se tornaram alicerces do
meu encanto pela vida.

Se um deles morrer,
eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam,
eu rezo pela vida deles.
E me envergonho,
porque essa minha prece é,
em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos
sobre alguns deles.

Quando viajo e fico diante de
lugares maravilhosos, cai-me alguma
lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome
e me envelhece é que a
roda furiosa da vida não me permite
ter sempre ao meu lado, morando
comigo, andando comigo,
falando comigo, vivendo comigo,
todos os meus amigos, e,
principalmente os que só desconfiam
ou talvez nunca vão saber
que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.


Vinícius de Moraes