terça-feira, 18 de agosto de 2009

AMORES... AMORES...


Gosto de meus amores próximos
assim: com a face descortinada para o vento
e as janelas do olhar reabrindo para mim
a cortina fechada do meu pensamento.

Amores evidentes como rosas no jardim
que em mim deixem perfumes de contentamento
que invadam minhas portas abertas para dentro
e me resgatem dessa torre de marfim.

Amores são pressentimentos
dos faróis da alma em transitividade não profana
na eternidade sob as ondas dos lençóis.

E quase nada mais meu infinito amor reclama
senão que todos os amores sejam para nós
a eternidade efêmera para quem ama...


Afonso Estebanez
(Poema dedicado à doce e notável amiga
Maria de Lourdes Bózoli – 17/08/2009)

A bela de Amherst


Ela varre com vassouras multicores
E sai espalhando fiapos,
Ó Dona arrumadeira do crepúsculo,
Volta atrás e espana os lagos:

Deixaste cair novelo de púrpura,
E acolá um fio de âmbar,
Agora, vejam, alastras todo o leste
Com estes trapos de esmeralda!

Inda a brandir vassouras coloridas,
Inda a esvoaçar aventais,
Até que as piaçabas viram estrelas —
E eu me vou, não olho mais.

Emily Dickinson

Agulhas de prata


Com agulhas de prata
de brilho tão fino
bordai as sedas do vosso destino.
Bordai as tristezas
de todos os dias
e repentinamente as alegrias.
Que fiquem as sedas
muito primorosas
mesmo com lágrimas presas nas rosas.
Com agulhas de prata
de brilho tão frio...
ai, bordai as sedas, sem partir o fio!

Cecília Meíreles