
Vá, mulher, apronta-te!
Mergulha nos guardados
De tu’alma encharcada
Esvazia e enxuga as gavetas
De tuas mágoas tantas
Estica no teu corpo aquela blusa
Que de florida é tão bela
Põe aquela tinta encarnada
Em teu sorriso amarelado
Desembarace tua cabeça
Pondo os fios pr’outro lado
Vista-te de calma mais que nada
Do ombro, retire a bolsa
Pesada de rotos bilhetes
Arranca as sandálias
Que te prende a esse chão
Retoma as tuas asas
Apronta-te, vá!
Voa, mulher!
.
Lena Ferreira