sábado, 22 de agosto de 2009

SEM MOTIVO


Eu faço versos
porque o verso
é esse momento
em que o amor
dentro de mim
me torna vivo,
para que assim
eu morra só do
contentamento
de ser feliz sem
precisar de ter
motivo...


A. Estebanez
(Homenagem a
Cecília Meireles)

AMO-TE...


"AMO-TE...como a planta que não floriu
e tem dentro de si,
escondida, a luz das flores,
e, graças ao teu amor,
vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.

Amo-te sem saber como,
nem quando, nem onde,
amo-te diretamente
sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar
de outra maneira

a não ser deste modo
em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão
no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos
se fecham com meu sono."


(Pablo Neruda)

A CONQUISTA


Venho oferecer-lhe uma bela flor,
como prova sincera do meu amor
É uma rosa vermelha,
insinuante, e que se assemelha,
a este raro e inebriante momento,
onde exponho o meu sentimento,
mesmo que não haja luar,
pois é minha intenção
conquistar o seu coração.
Oh minha linda e sensual mulher,
apenas você poderá dizer se quer ,
aceitar este meu pedido,
o qual faço, de um modo atrevido,
em meio a esta penumbra.
Sinto em você um doce encanto
recostada ai nesta amurada,
com seu branco vestido,
e fisionomia de apaixonada .
Aceite, por favor este regalo,
que dou-lhe sem nada exigir,
a não ser sua sinceridade.
Prometo que a amarei de verdade
se comigo você quiser seguir...

Marco Orsi

Protejo-me...


Sou serva fiél dos
meus sentimentos...
Vibro com a alegria que
meu sorriso desenha!
Mas, sempre previno-me
brincando de felicidade,
quando vejo chegar
o sofrimento e antes
que a lágrima venha...

Acompanho maravilhada
quando m'alma flutua!
Mas, calço com cuidado
meus pés, antes deles
pisarem o solo dorido
da minha realidade nua.

Permito-me até sonhar!
Mas, mantenho-me
alerta a cada despertar.

Assisto extasiada quando
meu coração se apaixona...
Mas, trago sempre comigo
o bálsamo que ameniza a dor;
caso ele saia ferido dessa
batalha louca e alucinante
que se chama Amor!...

(Ginna Gaiotti®)

O POUCO QUE EU SEI


Sei dos caminhos que nos levam à loucura
e das trilhas, abismos, armadilhas.

Sei do sangue coagulado sobre a ferida
e da dor na cicatriz quando mexida.

Sei do inverno no silêncio do meu quarto,
e das lágrimas, quase sempre não disfarço!

Sei das ruas, vielas, esquinas desertas,
insônia insistente, madrugadas incertas.

Sei do amigo que se recusa ao abraço,
chuva ácida poluindo o riacho.

Sei dos esboços, dos rascunhos, dos sonhos,
projetos engavetados, lado esquerdo, tristonhos.

Sei do livro de contos inacabado,
faz tempo não pego, tenho medo do estrago!

Sei que o tempo tece teias estranhas,
corpo cansado, presa indefesa da aranha!

Sei que amanhã vou acordar setembro,
se me lembro: primavera, flores, temperatura amena!

Sei que no final deste caminho, existe um outro.
Sei da pedra, do limo, das raízes e da solidão.


NALDOVELHO