sábado, 22 de agosto de 2009

O POUCO QUE EU SEI


Sei dos caminhos que nos levam à loucura
e das trilhas, abismos, armadilhas.

Sei do sangue coagulado sobre a ferida
e da dor na cicatriz quando mexida.

Sei do inverno no silêncio do meu quarto,
e das lágrimas, quase sempre não disfarço!

Sei das ruas, vielas, esquinas desertas,
insônia insistente, madrugadas incertas.

Sei do amigo que se recusa ao abraço,
chuva ácida poluindo o riacho.

Sei dos esboços, dos rascunhos, dos sonhos,
projetos engavetados, lado esquerdo, tristonhos.

Sei do livro de contos inacabado,
faz tempo não pego, tenho medo do estrago!

Sei que o tempo tece teias estranhas,
corpo cansado, presa indefesa da aranha!

Sei que amanhã vou acordar setembro,
se me lembro: primavera, flores, temperatura amena!

Sei que no final deste caminho, existe um outro.
Sei da pedra, do limo, das raízes e da solidão.


NALDOVELHO

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