segunda-feira, 29 de agosto de 2011

De lá!

De órion,
Chegam-me noticias tuas,
As que esperei,
Por todos esses séculos,
Enquanto chutava pedras,
Pelo infinito deserto de minh’alma;

No entanto cultivei a fé,
E na abundancia de dias de sol,
Pavimentei o caminho dessa saudade,
E a ti retornei em pensamentos,
Em encontros fugazes,
Entre minha e tua alma;

De sorte que agora,
Pressinto tua chegada,
Posto que de ti já sinto o perfume,
Aquele mesmo que me embriagava,
Em noites enluaradas de amor!


Santaroza

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Namorar

Que fascínio é namorar!
Andar abraçadinhos a passear,
Beijar na boca, se acariciar,
Agradar, só por agradar.

O namoro é a maga fase
Da puberdade da relação,
É quando palmilhamos a nossa
Mais íntima e intrínseca descoberta.

É o sentimento do firmamento,
A formação da convicção
De que somos um par, ou não.
Em verdade, a corte é o tempo
E o templo da contemplação.

É o coração de porta aberta,
Como semideus da adoração,
Enfim, é a prefação da paixão

O namoro é ainda, a câmara
Que ensaia o romantismo,
Que nos checa o proceder,
Que nos revela um ao outro,
Que mostra como vamos ser:
Como vamos nos portar e
Importar com aquela a quem
Vamos amar.

O ideal seria noivar sem perder o cativar, E casar sem perder o entusiasmar
O namoro não devia, jamais terminar.
O noivar, seria o namoro maduro,
O casar, o namoro eterno
As bodas de prata e as de ouro,
Seriam apenas, aniversários do namorar!


Antonio poeta

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A LIÇÃO DAS FLORES

As flores conversavam no jardim
Falavam dos beija-flores
Que lhes visitavam todas as manhãs
De certo modo,
Eles eram-lhes um toque de carinho...
E a margarida disse a violeta,
Não podemos esquecer as borboletas
Elas pousam, delicadamente,
Sobre nossas pétalas no entardecer...
E a rosa falou baixinho:
Não há como não falarmos
Do afago dos passarinhos
Levam nossas sementes além dos rios,
E trazem aos nossos pés um raminho.
Devemos pensar como as flores,
Valorizar todas as pessoas que nos cercam
Cada uma, em sua essência,
Nos doam um pouco de si.


Sirlei L. Passolongo

domingo, 14 de agosto de 2011

Pai,

Nos pesadelos da noite escura,
Secavas meu pranto e me carregavas;
Em desespero, eu apenas chorava...
Não via o mundo... - Meu espírito era puro!... -

Sem entender, eu estava seguro,
Sentia na pele teu suor da estrada;
Construías pra mim tua paz sonhada,
Cada tijolo teu era o meu futuro!

Sem quinhão, querias manter meu sorriso;
E a alegria triste?...De improviso? ...
E a fome e sem dinheiro no bolso!?

Hoje... Tudo foi um sonho!... E eu me agito!
O leite minguado estancou meu grito;
— Não canso de acariciar teu rosto!

Machado de Carlos

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Dunas!


Crepúsculo vai desbotando
o mato azul suspenso em sombras.
Em teus olhos enevoados nascem
as estrelas em meio a tua dança
nas areias do deserto que morreu
de saudades da ausência das chuvas.
Horizonte fantasmagórico no
silêncio espinhoso dos cactos.
Visões mágicas em lábios abotoados.
Flutuas em teu vestido branco
transparente a luz pálida da lua,
estranho sentimento místico
de intuições que ateiam fogo
em nossos instintos.

Nelson Aharon

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Agosto, embrião de setembro


. dialogando com meu amigo poeta JL


O inverno também prepara a vida
que nascerá sobre a aridez do frio
Como se a rachadura fosse precisa
para brotar a semente do novo dia

Como se o futuro fosse a porta
para o passado renascer frondoso
carregado de esperanças e gozo

Virá outubro, e sem escolha
o calor do vento acenará
que em novembro, do alto dos arvoredos,
a vida clamará por frutos e novas folhas

Não se falará mais de manhãs gélidas,
e sim de nuvens lépidas, bem vindouras,
douradas pelo sol

Tudo retomará seu ciclo com o outono
para recomeçar a minguar
anunciando de novo o velho novo inverno

Haverá luz e sombra
onde já houve luz e sombra
sempre ...

E o gelado do peito
e o vazio das mãos
serão escalados por ti
pelo teu espírito missionário
à procura do calor e do preenchimento

Meu amigo, é quando não sabemos andar
que aprendemos a andar
É quando há o escuro
que buscamos por claridade

É quando sofremos que aprendemos a ser felizes!
Aprendemos o valor de ser feliz!

Não julgue estes versos conformistas, não são!
Antes, tome-os como alimento
para que do tormento brote o aprendizado
de todas as dores: o alento!

E entre os agostos do tempo
a primavera ao chegar trará a alegria dos pássaros
o verão, os dias de calor e chuva
neste antagonismo natural
que faz a vida!

E mesmo quando esta tiver se apagado
... enfim, é assim, é preciso ...
a roda da existência a trará de volta
com outros caminhos
com outros espinhos
e sorrisos ...

Mauro Veras