quinta-feira, 6 de agosto de 2009

AZUL E COR DE ROSA



A poesia pode ser perigosa,
a gente se encontra
de azul e cor de rosa,
se apaixona e depois como fica?
Você lá e eu aqui,
ambos brincando de ser feliz.
Assim nós dois,
nessa infinita vontade de poetar,
somos as rimas,
as vírgulas e os pontos.
Só falta agora
vivermos esse encontro,
que poeticamente nos aproxima
dos mesmos sonhos de amor . . .

Homenino Poeta

Silencio da madrugada



Silencio da madrugada


Silencio... É madrugada
Sem sono.
Deito, levanto
Penso, repenso
E os pensamentos viajam.
Pega a estrada do passado
E vai embora..
Pega,curvas e desvios
E desaparece na estrada.
E chega la... Na infância,
Corre no campo
Corre na chuva
E na lagoa mergulha.
Corre atrás das borboletas
E no galho da mangueira
Senta para ficar
Bem, mais pertinho do céu.
E a lua é tão clara
Que mais parece que é dia
E no céu tantas estrelas,
Que nem dá para contar.
Todos os galhos cintilam
Cheinhos de vaga-lumes
Tudo é tão bonito
Que os pensamentos pararam.
Mais é tempo de voltar
Quem sabe o sono chegue
Pois cansou de viajar
E a infância tão bonita
Entre as estrelas ficou.


Terezinha C Werson

Valsando um verso



.
Um verso vem,
Cheio de compasso,
No seu passo...
Uma volta, envolve...
Ritmo nas quadras,
Preso nas rimas,
Da sinfonia...
Um verso vem,
Um movimento também.
Um verso chega
Rodopiando na alma.
O verso vem,
Por mim, em voltas
O verso vem,
Por ti, pela imagem
Pela leveza
Do corpo no salão...
Um verso vem,
Pelas letras
Dançando nas páginas,
Pela dobra, pelo ar
Um verso vem,
Na intenção de...
Simplesmente amar....
.
Betânia Uchôa

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Através da imaginação



Através da imaginação
Posso viajar a mundos distantes
Posso caminhar entre as estrelas
Posso navegar em altos mares.
Posso construir castelos
Posso existir nas fabulas, nos sonhos
Posso viver a utopia do amor.
Posso desprender-me da razão
Do corpo, libertar a alma.
Posso ser uma poesia
Posso levantar altos vôos
Posso viver a magia da fantasia.
Posso alimentar desejos
Posso satisfazer o prazer.
Através da imaginação
Posso viver a liberdade
Sem regras, sem exceção.
Torno-me imortal, onipresente
Sem limite de tempo, de espaço.
Posso conhecer a essência dos sentimentos.


Ataíde Lemos

BAÚ DE SONHOS



Limpando os guardados da alma
Encontrei meu baú de sonhos...
Tranca emperrada; poeira e teias
Retirei com a calma não peculiar

Titubeante entre o romper o lacre
E esconder as fraquezas tantas
Eis que um vento adentra meu canto
E (puro encanto) rompe-se o fecho

(Já nem lembrava mais o que eu guardava ali
Tanto tempo passado...Aceitável esquecimento?)

Tantos sonhos adormecidos, semi-mortos, tantos
Despertando assim, e sem poeira, vivazes
Saltitantes, primam em meu incentivo; audazes
A varrer as tantas gavetas da alma embolorada

Baú de sonhos; limpeza de teias, asas ao futuro
Arejada a alma, sonhos respiram e voejam...

Lena Ferreira

FLOR BRANCA



Que você nunca se aparte
Da delicada orquídea branca
Que traz em seus cabelos;
Pedra rara em jóia única.

Que você nunca ceife
Seus cabelos alongados
Que lhe cingem a cintura;
Mistério feminino do existir.

Que você nunca negue
Sua cintura às minhas mãos;
Elas ainda têm o brando perfume,
Da orquídea branca que lhe ofertei.

Que você nunca se aparte
Da imaculada orquídea branca
Que traz em seus cabelos;
Insígnia de meu devotamento.


Oswaldo Antônio Begiato

Eu



Extrapolei
Todos os limites
Que me deixavam
Presa a viver a risca
Padrões impostos
Por uma gama
De conceitos regidos,
Comportamento exigido
Pelos bons costumes
Pressenti a farsa no ar
Tenho faro de loba
Faro de mulher, de louca
Vivo mente e coração
Sentimento, visão e emoção
Quero ser esposa ou amante
Nunca estação intermediária
Jamais aceitarei migalhas
Minha liberdade...
É o discernimento
Deixei para trás os limites
Sou uma mulher de alma nua
Sou mulher sol, sou mulher lua


Graciela da Cunha

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Canção do vento e da minha vida



O vento varria as folhas,
o vento varria os frutos,
o vento varria as flores...

E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,
o vento varria as músicas,
o vento varria os aromas...

E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos
e varria as amizades...
o vento varria as mulheres.

E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de afetos e de mulheres.

O vento varria os meses
e varria os teus sorrisos...
o vento varria tudo!

E a minha vida ficava
cada vez mais cheia
de tudo.

Manuel Bandeira

GOSTO QUANDO CALAS.



Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longínquo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.


PABLO NERUDA

Súplica



Agora que o silêncio é um mar sem ondas
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim.
Já tão longe de ti, como de mim.
Perde-se a vida, a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz, seria
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga

Flamboyant



Pousou em mim seu olhar,
puro verde, hortelã.
Sorriu, a boca rubra
fresca juventude, maçã.
 
Ao longe, verde e vermelho
era brisa em cor o Flamboyant...

Lenise Marques

Oceanos



Pelas enseadas remotas de meu ser
Nos oceanos internos de mim
Navegam belas e transparentes naus
Por mares e horizontes sem fim.

Na caravela translúcida sobre as ondas
Sobre o tombadilho, olhos na imensidão
Velas ao vento, busco a terra prometida
Eu continente, minha alma feito chão.

Após anos e anos de marítima procura
Enfim a descoberta, com imensa surpresa
Mas também com certa dose de ternura:

De que não sou ilha, istmo ou continente
Mas sim a pequena menina, só, na praia
Caminhando descalça ao sol poente.

Lenise Marques

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

ROSAS DE SAROM



Toma posse dos frutos do teu amor
ainda na tenra idade, como quem colhe
as rosas que primeiro desabrocharam
na orla do teu jardim...

Toma posse dos frutos da esperança
como o fazem os jardineiros de Sarom
que aguardam a floração das rosas
entre as sarças do Hebrom...

Toma posse dos frutos de teus sonhos
ainda que estejam verdes, como as aves
retomam entre os ciprestes do deserto
o seu ninho de esmeraldas...

Toma posse dos frutos de teu perdão
antes que seja tarde, como os pássaros
que reconstroem seu último refúgio
entre as pedras atiradas...

Toma posse de tuas ocasiões perdidas
mesmo que nunca reencontradas
como o fazem os lírios dos campos
que não precisam de nada...

Toma posse de teus ingênuos devaneios
como as rosas de sarom o resplendor
e dos botões-de-ouro de teus seios
nas dunas do teu formoso amor!

Afonso Estebanez

CANÇÃO



No desequilíbrio dos mares,
as proas giram sozinhas...
Numa das naves que afundaram
é que certamente tu vinhas.

Eu te esperei todos os séculos
sem desespero e sem desgosto,
e morri de infinitas mortes
guardando sempre o mesmo rosto

Quando as ondas te carregaram
meu olhos, entre águas e areias,
cegaram como os das estátuas,
a tudo que existe alheias.
Minhas mãos pararam sobre o ar
e endureceram junto ao vento,
e perderam a cor que tinham
e a lembrança do movimento.

E o sorriso que eu te levava
desprendeu-se e caiu de mim:
e só talvez ele ainda viva
dentro destas águas sem fim.


Cecília Meireles

Assim nasce a poesia


Coração pulsante,
tomado de emoção
pela explosão
de energia,
que de fora vem,
pelo embalo da esperança
que manda lembranças
ao outro coração.

Liberta-se a alma
e fragmenta-se
em milhares de
pontos de luz.
Viaja nas asas do vento,
se faz viajante do tempo.

Movido
pela força do amor
por onde vai,
por onde passa,
tudo transpassa,
tudo transforma
em ouro ou em flor.

Assim nasce a poesia
é o embrião fecundado
pela força da união
da alma e do coração
pela energia do amor.


Mauricio Chila Freyesleben

As deusas adormecem nas rosas.



No céu um bordado de estrelas
como se fossem cabelos de deusas
Voando no véu
de luz
Que brilha
E estica
E vai e volta
Fazendo
Cambalhotas
No vento
Que encaracola
As madeixas
Da deusa aurora...
É manhã...
As deusas adormecem
Nas rosas.

(Sirlei L. Passolongo)

PRESENTE



te trouxe de longe,
estrelas aromadas,
um pássaro cantante,
de plumagem de arco-íris,
rosas azuis, beijos recentes.
ramalhete de versos lirícos,
maquiagem chinesa,
para avivar seu semblante.
o perfume do sândalo,
acordes angelicais,
carinho de sobremesa;
flautas transversais.
uma revoada de peixes
ornamentais.
uma enchente de amor,
intenso, autêntico;
sem medida, convicto,
para agrada sua noite,
vesti a lua de linda,
minha língua como açoite,
minha presença ainda.
te quero como habitat,
pousar em seu coração,
tê-lo como morada;
paixão
e
namorada!...

gustavo drummond

balaios de um certo beija-flor



um balaio de beijos doces assim
é somente sendo os da tua saia
rendada em esmeraldas, marfins
que sejas perfeita quando balaias
que me prendas no balaiar tulpim

em flores aquecidas pelas praias
cujas ondas silhuetam meu jardim
já totalmente vivo nas encantadas
minha donzela, eu, o teu curumim

me escondendo embaixo do balaio
de beijos que a morena reservou e
que meu peito assim entusiasmado

pelas curvas do nosso louco rodado
quando o teu seio por amor balaiou e
ele me fisgou pelo carinho balaiado.


sergio, beija-flor-poeta

Saudade



Saudade dentro do peito
É qual fogo de monturo
Por fora tudo perfeito,
Por dentro fazendo furo.

Há dor que mata a pessoa
Sem dó e sem piedade,
Porém não há dor que doa
Como a dor de uma saudade.

Saudade é um aperreio
Pra quem na vida gozou,
É um grande saco cheio
Daquilo que já passou.

Saudade é canto magoado
No coração de quem sente
É como a voz do passado
Ecoando no presente.

A saudade é jardineira
Que planta em peito qualquer
Quando ela planta cegueira
No coração da mulher,
Fica tal qual a frieira


Patativa do Assaré

domingo, 2 de agosto de 2009

Ser... poesia



poesia na ponta do lápis.
deslizando suave pelo papel,
Falando de amor, paixão ou
amizade.
Todas com total perfeição...

poesia que fala da alma...
da dança rondando o salão,
das risadas das crianças,
ou do choro que amarga
a boca, a lágrima ...um clarão!

Poesias dos cânticos de roda,
um ramalhete, em versos ou prosa
mas ainda palavras,
vindas do nosso coração.

poesia, uma declaração
de amor, uma breve canção...
Carregando meu sentimento,
livre, sem asas...
pela imensidão!


Betânia Uchôa

ALÉM DA TERRA, ALÉM DO CÉU



Além da Terra, além do Céu,
no trampolim do sem-fim das estrelas,
no rastro dos astros,
na magnólia das nebulosas.
Além, muito além do sistema solar,
até onde alcançam o pensamento e o coração,
vamos!
vamos conjugar
o verbo fundamental essencial,
o verbo transcendente, acima das gramáticas
e do medo e da moeda e da política,
o verbo sempreamar,
o verbo pluriamar,
razão de ser e de viver.

Carlos Drummond de Andrade

O Beijo



Congresso de gaivotas neste céu
Como uma tampa azul cobrindo o Tejo.
Querela de aves, pios, escaracéu.
Ainda palpitante voa um beijo.

Donde teria vindo! (não é meu...)
De algum quarto perdido no desejo?
De algum jovem amor que recebeu
Mandado de captura ou de despejo?

É uma ave estranha: colorida,
Vai batendo como a própria vida,
Um coração vermelho pelo ar.

E é a força sem fim de duas bocas,
De duas bocas que se juntam, loucas!
De inveja as gaivotas a gritar...


Alexandre O'Neil

Poesia!



Abra essa garrafa,
É vinho d’outra safra,
É poesia curtida,
Mas pode ser sorvida.

É perfume de alfazema,
Composto em um poema,
Veste a alma de alegria,
Desaperta em si a magia.

Todo poema é assim,
Um mar azul sem fim,
Água que beija a areia,
Ao canto de uma sereia.

E quando fala de amor,
O coração vira flor,
A alma se veste de lua,
E a paz se torna nua.

Na verdade me inebria,
Quando me toma a poesia,
Me eleva ao paraíso,
E de mais nada eu preciso.

Santaroza

Arco-íris



quando vejo o arco-íris
tão risonho lá nos céus
entendo a magia da vida
e sinto a presença de Deus

radiante em suas cores
e flutuando no seu bailar
mas se parece com dois amores
no encontro do doce amar

ah, arco-íris amigo!
Onde ficas escondido,
quando não esta no céu?...

é o mar o seu abrigo?...
ou porventura usas
um delicado véu?

Valquíria Cordeiro

Contraventor



Vivo sob o seqüestro das emoções...
Estou as mercê de todas...
Imagine todas...
Da alegria mais profunda
Das tristezas mais complexas
Do delito capital
E as decisões santas...
Acompanha-me as virtudes de uma alma
pronta para salvação...
E um coração imputável
de todos os erros que ele sabe cometer...
Todos os erros que um coração sabe cometer...
Nada construo sem uma emoção que me assoalhe
Para o bem do sorriso
Para uma lágrima que saia de mim
ou de quem dirijo minha emoção...
Então fico imaginado se o cárcere
Não é correção necessária
para o que escolhi por
Condição de sobrevivência...
Desorientado é meu coração
Obstinada é minha alma...
Não há lamentos em minhas elucubrações...
Há uma necessidade enorme de vida...
E ela me invade...
seqüestra ...
corrompe...
E eu gosto !

Lupi
LUCIANO LOPES

sábado, 1 de agosto de 2009

VOA, MULHER!



Vá, mulher, apronta-te!
Mergulha nos guardados
De tu’alma encharcada
Esvazia e enxuga as gavetas
De tuas mágoas tantas

Estica no teu corpo aquela blusa
Que de florida é tão bela
Põe aquela tinta encarnada
Em teu sorriso amarelado
Desembarace tua cabeça
Pondo os fios pr’outro lado

Vista-te de calma mais que nada

Do ombro, retire a bolsa
Pesada de rotos bilhetes
Arranca as sandálias
Que te prende a esse chão
Retoma as tuas asas
Apronta-te, vá!
Voa, mulher!
.
Lena Ferreira

Quem é essa menina?



Quem é essa menina, que nunca cresceu
que espera seu príncipe encantado
chegando num cavalo branco
dizendo sou sempre seu.
.
Quem é essa menina
que meio século não bastou
para envelhecer seus sonhos
aqueles que sempre sonhou
.
Quem é essa menina
que ama com sentimento nobre
que não esquece sua realidade
mesmo que a vida não lhe cobre.
.
Quem é essa menina
que se faz linda como a primavera
que faz da vida poesia
vivendo essa quimera.
.
Quem é essa menina
que os olhos menos avisados
enxergam uma séria senhora
mas estão muito enganados.
.
Quem é essa menina
que é mãe avó e amiga
que ainda sorri no espelho
e com ele não briga.
.
Essa menina é minha alma
essa que é a realidade
pois o corpo se acaba
e a alma é sempre a verdade.
.

Maria Rita Bomfim

Incauto coração



Coração, tirou os pés do chão
incauto, entregou-se ao amor
feito um pássaro feliz
pelo infinito do céu, sonhou....

Foi marinheiro destemido
devaneando, no mar sincero
do seu olhar...

Hoje, coração sofre inquieto
tem a alma entristecida
engasgada, de dor..

Sente, o luar fulgurante
rasgando o olhar...
Brumas acinzentadas
cegando os sentimentos...

Um vento frio, sopra de longe
traz teu cheiro, na brisa
besuntada de saudades...

Van Albuquerque

TARDES DE MAIO



Tardes de maio, que em minha vida,
Foram as mais lindas tardes que eu já vi.
Tardes de sol, de brisa, de guarida,
Em que eu vivia a suspirar por ti

Tão belas tardes, tão lindo romance,
Eram o céu na terra, eram encantamento!
Dos nossos sonhos, tão linda nuance,
Lembro essas tardes a todo momento.

Tardes divinas, plenas de nós dois
Que loucas tardes, dentre essa paixão,
Tardes serenas, que em noites, depois,

Disparavam, na penumbra, o coração...
Fins de tarde, companheiras de nós dois,
Tardes de maio que não voltam não!


Mírian Warttusch