domingo, 6 de setembro de 2009

SOB O CÉU TÃO AZUL


Sob o céu tão azul que se espiritualiza,
o jardim vai fechar as pétalas das rosas
como alguém que cerrasse as pálpebras medrosas
para ver o que só no sonho se divisa...

Tudo adormece em torno...E a paisagem, mais lisa
que um esmalte, desfaz em sombras vaporosas...
Passam apenas no ar, vêm das moitas cheirosas
perfumes doces, sons de frauta pela brisa...

A noite desce e apaga as cores... E a vida
do jardim silencioso onde as luzes se enfeixam,
sobrevive somente a voz d´água, esquecida.

E sob o céu azul que se prolonga além,
fecham-se as flores, como os olhos, lentos, fecham
para ver o que só no sonho os olhos vêem...


Onestaldo de Pennafort

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