quarta-feira, 29 de julho de 2009

O meu mal



Eu tenho lido de mim, sei-me de cor,
Eu sei o nome ao meu estranho mal:
Eu sei que fui a renda dum vitral,
Que fui cipestre e caravela e dor!

Fui tudo que no mundo há de maior;
fui cisne e lírio e águia e catedral!
E fui, talvez, um verso de Nerval,
Ou um cínico riso de Chamfort...

Fui a heráldica flor de agrestes cardos,
Deram as minhas mãos aromas aos nardos...
Deu cor ao eloendro a minha boca...

Ah! De Boabdil fui lágrima na Espanha!
E foi de lá que eu trouxe esta ânsia estranha!
Mágoa não sei de quê! Saudade louca!

Florbela Espanca

4 comentários:

Bell Palhares disse...

Amo as poesias da Florbela espanca!

BLOGRUI disse...

O meu Mal - Florbela Espanca - O lirismo dessa Poetisa é algo indescritivelmente lindo!!
O BLOG está uma beleza amiga Maria, Parabéns.
Beijos no seu coração.

Betânia Uchôa e seu universo in versos disse...

LIndo blog Maria, parabéns pelo trabalho maravilhoso!

Beijos!

Unknown disse...

Agradeço o carinho de voces.
Beijos no coração de cada um.