terça-feira, 29 de setembro de 2009

Separação de Bens


Você fica com a razão.
Eu fico com os dias ensandecidos
Com o vento nos seus cabelos
Com o canto final do sol
No dourado da sua pele.

Você fica com a verdade.
Eu fico com os raios da lua
Com os sussurros sem nexo
Os beijos loucos, dementes
Com a obsessão dos corpos.

Você fica com o direito.
Eu fico com as horas de gozo
Com o ruído das folhas das árvores
Com seus dedos tecendo anseios
Na brancura do meu corpo

Você fica com o que é certo.
Eu fico com a incerteza
Com a beleza do instante sem continuidade
Com o momento perdido entre as horas
Com a eternidade perdida no momento.

Você fica, meu amor.
Eu sigo.


Dalva Agne Lynch

3 comentários:

Manu disse...

Olá Maria!

Águas separadas da nascente
uma fonte, dois ténues rios
tristeza que vai na corrente
fica a alegria dos estios

E a beleza das palavras continua presente.Beijos

mariabesuga disse...

melhor o vento nos cabelos e os raios de lua...
o ruído das folhas das árvores...

melhor a incerteza... na certeza de poder seguir...

Um Poema disse...

....

Um poema que é, afinal, o reflexo de tantos dramas.

Gostei de vários dos poemas que seleccionaste.

Um abraço