sábado, 19 de setembro de 2009

Canção do amor imprevisto


Eu sou um homem fechado.
O mundo me tornou egoísta e mau.
E a minha poesia é um vício triste,
Desesperado e solitário
Que eu faço tudo por abafar.

Mas tu apareceste com a tua boca fresca
De madrugada, com o teu passo leve,
Com esses teus cabelos...

E o homem taciturno ficou imóvel, sem
compreender nada, numa alegria atônita...

A súbita, a dolorosa alegria de um espantalho
inútil aonde viessem pousar os passarinhos.


Mário Quintana

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