terça-feira, 30 de março de 2010

A vida que merecemos



São tantas as voltas que a vida dá
e sim, rodamos como num carrossel
trilhamos caminhos ao Deus dará

somos simples papagaios de papel
nas mãos do nosso próprio destino
voamos neste nosso céu de Babel

nossas vidas são um mero desatino
sem ponta por onde se possa pegar
triste sina, triste fado este triste hino

somos peões sem tabuleiro nem lugar
simples peças num jogo de xadrez
cujo final não sabemos vislumbrar

esperamos que chegue a nossa vez
tentamos alcançar um xeque-mate
a cada lance provamos só insensatez

nossos desejos, não há quem acate
então argumentamos apenas teoria
que de pobre, facilmente se rebate

nesse caso expelimos uma heresia
sem disso, sequer, nos apercebermos
e refugiamo-nos numa vil fantasia

não pensamos mas logo dizemos
que a nossa vida é triste, feia e má
afinal, temos a vida que merecemos!


Manu Lomelino

segunda-feira, 29 de março de 2010

Compartilho com todos os meus amigos


http://marialbozolipoesias.blogspot.com/


Troféu recebido da amiga "Adriana Leal" por participação de M@ria em seu blog "Atitudes & Idéias" na semana que passou.

sábado, 27 de março de 2010

CRISTAL QUEBRADO


Náufraga de sonhos,
Tenho saudades de mim mesma.
Guardiã estática
De uma performance em cacos,
Já não sei quem sou.

Quebrou-se o cristal!
Incendeiam-se restos de esperança,
Multiplicando a inércia dos instantes.
A solidão se faz...
Sonho frustrado.
Permito-me o impossível
Porque as portas me fascinam.

Vivo emoções do tempo que se foi.
Das derrotas,
Guardo o aprendizado.
Não fujo de nada!
Nada em mim petrificado está.
Há muito sentimento
Ainda.

Mergulho nos meus cantos,
Escudo-me na coragem,
Pois inteira sou
Para esta viagem seguir.


Genaura Tormin

sexta-feira, 26 de março de 2010

Bonita



Primeiro foram as mãos que me disseram
que ali havia gente de verdade
depois fugi-te pelo corpo acima
medi-te na boca a intensidade
senti que ali dentro havia um tigre
naquele repouso havia movimento
olhei-te e no sol havia pedras
parámos ambos como se parasse o tempo
parámos ambos como se parasse o tempo

é tão dificil encontrar pessoas assim bonitas
é tão dificil encontrar pessoas assim bonitas

atrevi-me a mergulhar nos teus cabelos
respirando o espanto que me deras
ali havia força havia fogo
havia a memória que aprenderas
senti no corpo todo um arrepio
senti nas veias um fogo esquecido
percebemos num minuto a vida toda
sem nada te dizer ficaste ali comigo
sem nada te dizer ficaste ali comigo

é tão dificil encontrar pessoas assim bonitas
é tão dificil encontrar pessoas assim bonitas

falavas de projectos e futuro
de coisas banais frivolidades
mas quando me sorriste parou tudo
problemas do mundo enormidades
senti que um rio parava e o nevoeiro
vestia nos teus dedos capa e espada
queria tanto que um olhar bastasse
e não fosse no fundo preciso
queria tanto que um olhar bastasse
e não fosse preciso dizer nada

é tão dificil encontrar pessoas assim bonitas
é tão dificil encontrar pessoas assim pessoas


música e letra de Pedro Barroso

quinta-feira, 25 de março de 2010

Voar...



Ah se eu pudesse voar...
Voar na velocidade do som...
Viajar entre as galáxias passar pela via láctea...
Brincar com as estrelas na constelação...

Buscar o amor em Vênus e ver as lindas fases da lua...
Voar na direção da luz...
Procurar a minha metade pra me acompanhar ate o fim...
Ultrapassar o infinito em busca do paraíso...

Quero no jardim do Éden te encontrar...
Fazer o meu abrigo no seu coração...
No paraíso vou ti dar todo o meu amor...
Ah se eu pudesse voar...


Ernane Rezende

terça-feira, 23 de março de 2010

Cuidado com meu coração



Não leve a sério meu coração
Pois ele não sabe o que quer
É como chuva no tempo do verão
Cai forte, mas só molha o chão.

Não leve a serio meu coração
Senão você vai se machucar
Ele é como pássaro livre a voar
Faz ninho no galho que encontrar.

Não leve a sério meu coração
Não gostaria de te ver sofrer
Nem que te peça, dê-lhe atenção
Porque irá se arrepender.

Não leve a sério meu coração
Fuja dele se te procurar
É sedutor, possui encantamento
Mas vai ferir teus sentimentos.

Não leve a sério meu coração
Porque ele não tem paradeiro
É como vento, viaja o tempo inteiro
Pois lhe trará desilusão.


Ataíde Lemos

segunda-feira, 22 de março de 2010

Folhas Secas


Como folhas secas no Outono
Que a brisa do vento faz bailar no ar
Levando-as pra longe, bem longe
Aconteceu com você, voaste de mim.

Eu ergui meus braços tentei te segurar, abraçar
Em vão meus esforços você estava tão no alto
Por mais que lutasse não consegui te alcançar
Sentei-me numa esquina da vida e chorei demais.

Eu vejo em você meu muro de arrimo e,
Meu porto seguro companheira de artes.
E guardarei no meu coração tua voz e sorrisos
Lembranças de quando fazíamos artes e riamos.

Não será fácil te esquecer dói mais que muito

Mas passará eu sei!

Joe Luigi

domingo, 21 de março de 2010



Deus,
eu faço parte do teu gado:
esse que confinas em sonho e paixão
e às vezes em terrível liberdade.
Sou, como todos, marcada neste flanco
pelo susto da beleza, pelo terror da perda
e pela funda chaga dessa arte
em que pretendo segurar o mundo.
No fundo,
Deus,
eu faço parte da manada
que corre para o impossível,
vasto povo desencontrado
a quem tanges, ignoras
ou contornas
com teu olhar absorto.
Deus,
eu faço parte do teu gado
estranhamente humano,
marcado para correr, amar, morrer
querendo colo, explicação, perdão
e permanência.


Lya Luft

sábado, 20 de março de 2010

Dor de um desejo


Hoje ao abrir as páginas da vida
Você veio a minha mente
E uma mistura de alegria e dor
Em mim, conta tomou.
Revivi história de um passado
Que trouxe você de volta pro presente
Com todos os detalhes de um grande amor
Que um dia vivemos intensamente.
Parecia estar de novo a viver
Tudo que procuro esquecer
Até seu calor em meu corpo pude sentir
Cheguei a fechar os olhos
E lhe ver plenamente.
Senti tua mão tocar-me carinhosamente
E nossos corpos se abraçarem.
Ai! como vivi você
Tudo isto me fez perceber
Que este amor que insisto em esconder
É muito intenso,
É maior que minhas vontades
É maior que minhas renuncias
Que as mantenho pra te esquecer.


Ataíde Lemos

sexta-feira, 19 de março de 2010



Eu te recebo de pés descalços:
Esta é minha humildade e esta nudez
de pés é a minha ousadia"

Clarice Lispector

segunda-feira, 15 de março de 2010

Ser Poeta


Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!


Florbela Espanca

sábado, 13 de março de 2010

O Perfume da Noite Azul


O perfume da noite azul que vem chegando
Penetra em nós, espalha em nós este langor...
Anda o silêncio pelas coisas...O ar é brando...
E o perfume da noite azul que vem chegando
Cada vez é mais vago e mais perturbador...

Nossa janela dá para a beira do rio.
As águas levam folhas mortas, devagar...
E o perfume da noite azul, pelo ar macio,
Como que vem das águas lânguidas do rio...

Olha lá o luar!!! Vem talvez do luar.

E ficamos a ver, de bruços na janela,
A paisagem que escureceu. Este langor...
Oh! Perfume da noite azul, da noite bela!
Enervante... delicioso... perturbador...
Escuta minha pequenina noite bela,
Perdoa esta infantilidade: " Meu amor..."


Ribeiro Couto

sexta-feira, 12 de março de 2010

Um Poema de Amor


Não sei onde estás, se falas
ou se apenas olhas o horizonte,
que pode ser apenas o de uma
parede de quarto. Mas sei que
uma sombra se demora contigo,
quando me pergunto onde estás:
uma inquietação que atravessa
o espaço entre mim e ti, e
te rouba as certezas de hoje,
como a mim me dá este poema.


Nuno Judice

quinta-feira, 11 de março de 2010

APENAS PAIXÃO


A voz que se levanta o ruído
Hasteado na brisa
Que me toca nos ombros
A tua boca as tuas mãos de água
Ora deslizante ora íntima sedentária
O vento breve que me esculpe em músculos
Cada vez mais sensíveis
A onda que no ar se acende
Entre o rumor da história e o cheiro das tílias
A carne que vai morrer mas também
O suor o sabor de quem amo
E bebo
E canto
Para que não se perca nada
Para que nada se perca enquanto
O meu sexo amaciado nas tuas águas
Se ajuste à curva do céu
E o meu dorso esmagado pelo dorso do mundo
Encontre no chão da casa o repouso
De quem não tem repouso apenas
Paixão.


Casimiro de Brito

quarta-feira, 10 de março de 2010

Rimo e rimos


Passarinho parnasiano,
nunca rimo tanto como faz.
Rimo logo ando com quando,
mirando menos com mais.
Rimo, rimo, miras, rimos,
como se todos rimássemos,
como se todos nós ríssemos,
se amar fosse fácil.
Perguntarem por que rimo tanto,
responder que rima é coisa rara.
O raro, rarefeitamente, pára,
como pára, sem raiva, qualquer canto.
Rimar é parar, parar para ver e escutar
remexer lá no fundo do búzio
aquele murmúrio inconcluso,
Pompéia, idéia, Vesúvio,
o mar que só fala do amor.
Vida, coisa pra ser dita,
como é dita esse fado que me mata.
Mal o digo e já meu dito se conflita
com toda a cisma que, maldita, me maltrata.

Paulo Leminski

Opostos


Você é o brilho da vida... É Luz!
Eu sou as trevas. Sou escuridão.
Você é vênus e saturno em união!
Sou marte e júpter em conjunção.

Você é brisa suave... É calmaria...
Sou a tempestade. Eu sou trovão!
Você é a primavera e o outono:
juntos! Em uma só estação!
Sou o calor. Eu sou o verão.

Você é gente... É a multidão...
Eu sou o calar das vozes
_ sou a Solidão!
Você é bondade, doçura. É mel...
Sou a amargura. Eu sou o fel!

Você é paz... Silêncio... Paixão...
Eu sou tumulto. Barulho.
Sou o grito!
O descompasso do seu coração.

Somos opostos que se amam!
Você é o meu Amor...
Minha salvação...
A certeza da minha felicidade...
E eu sou a sua dúvida. A sua dor.
Eu sou a Contradição!...


Ginna Gaiotti®

domingo, 7 de março de 2010

RITMOPÉIA FEMININA

Fascinado sempre pela alma feminina
fisicamente gasto braços, ombros e dorso
por uma exaustão que me dá de presente essa
sensação de vida plena...

Sem falar em meu coração oferecido
Que bate na marcação
da tua regência que dita o ritmo de meus devaneios
E não deixa livre minha poesia
que presa quer estar a suas ações de musa

Em minha sina que é descreve meu encantamento
minhas mãos servem mais de suporte ao meu rosto
Com a emoções por conta
tenho medo chorar uma parte física minha
pois com temor do lugar comum, confesso,
não há nada em mim que não
quer ser perder em seus mistérios
e onde parece que descrevo apenas força
contem certos que delas dimanam
as maiores suavidades
os cheiros mais perseguidos
Delas, vêem o colo fértil e aconchegante
e nesse ninho minha armadura se desfaz
em rebites frouxos
como meu juízo perdido
por tuas almas meninas...


LUPI

sexta-feira, 5 de março de 2010

O cheiro do vento


O cheiro do vento brota das folhas,
que cobrem a trilha que leva ao mar,
cheiro doce do mar quando a água
dança numa gostosa tarde de sol,
subindo nas pedras e explodindo no ar.

Sonhando tolices, a gente segue o caminho,
borboletas também seguem flores pela trilha,
beirando suas vidas no caminho do mar,
onde o cheiro do vento tem cheiro de amar,
e sopra as memórias no imenso azul da ilha.

São os ventos do fim de mais um verão,
balançando a palha seca dos coqueiros,
tem o cheiro gostoso do mato, da maresia,
cheiro de poesia pairando no pensamento,
este passageiro clandestino em um veleiro.

Cheiro do vento espalhando o amor no ar,
vida passando no meridiano do coração,
seguindo os rastros da memória na trilha
que leva ao mar, que leva embora a estação,
e a vida vai ganhando o perfume do mato
nas tardes serenas e calmas desta ilha...


Sônia Schmorantz

quarta-feira, 3 de março de 2010

Onde está a magia?

A magia está no ar...
Está nos olhos do menino
Está na beleza da rosa
No canto do passarinho
Numa amizade carinhosa

A magia...
Está no sorriso da mulher
Está no abraço do amigo
No encanto da criança
A magia está contigo
Está na sua esperança

A magia está no mar
Nas ondas que vão e vêm
Na chuva que molha a terra
No sal do alimento também...

Nos versos da poesia
Nas notas da canção
Na luz de mais um dia
Num sincero aperto de mão!

Está em acordar todos os dias
E viver a vida com paixão.
Encha de magia o seu coração!



(Sirlei L. Passolongo)

segunda-feira, 1 de março de 2010

Se tu viesses ver-me...


Nenhum dia se vai
Sem que eu lembre teu nome
Sem que eu te pertença infinitas vezes
Sem que eu me afunde em teu amor.
Cada dia é cheio dessa espera
De que eu abra meus olhos
E te encontre perto de algum céu
Onde eu possa colorir teus lábios
Com beijos feitos de canção
Onde eu possa me prender ao teu corpo
Com laços vermelhos invisíveis de paixão
Sim, meu Amor nenhum dia se vai
Sem esse céu que invento,
Sem que eu perceba
Que a única forma de te tocar
É através das poesias
Que ao entardecer te escrevo...


Càh Morandi