sexta-feira, 31 de julho de 2009

Decifrar



Ah! Que louco fora eu
perdido em teu olhar...
Por que lançaste sobre
mim essa magia,
se mal amanhece o dia
e já me pego a sonhar?
Devanear cuidados,
tempo todo acordado,
decifrando decifrar...
Por trás desse espelho
tem um tanto de pecado
que procuro não pecar...
Ah! Que loco fora eu,
bendito dia se rompeu,
refletindo seu pensar...

Arruda Bonfáh

Caminho



Você disse que o amor valia a pena,
que era uma síntese de palavras
cortadas e que eu nao deveria
ter medo... eu não quis acreditar
quando me disse isso e saiu
maldizendo as coisas e se
arrependendo de tudo, da
droga do futuro que nao veio
e nunca iria chegar, era cegar
meus olhos e tapar meus
ouvidos, meus gemidos em
gritos loucos... você nao me
entendeu, escureceu numa
tarde calma de verão e eu tinha
só o inverno dentro de mim...
não era só transpor, traduzir um
verso antigo, um texto desconhecido...
você escqueceu de traduzir a mim quando
disse que me entendia, mas não
conseguiu sequer ler uma letra
do meu caminho...
eu sempre ando sozinho...

Arruda bonfáh

ROSAS MINHAS



Vibrantes e aveludadas
brancas, amarelas, vermelhas...
Ah! Rosas minhas!
As preferidas, as vermelhas.
Uma tela acordada pelos córregos ardentes
trinca a alma da lua
embaçada pelos ventos
Expressão emudecida
sem nenhuma euforia.
Espinhos?
Secas folhas?
Que nada ofusque o canto das rosas
Fragrância de alegria.

Arnalda Rabelo.

Se tu viesses ver-me...



Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...


Florbela Espanca

“Brisa Colorida”



Quero poder tocar as estrelas,
Suave com a ponta dos dedos,
Em silêncio contemplá-las...
Nostálgica e cheia de devaneios.

Navegando por caminhos suaves,
Envolvida pelos encantos estelares,
Deslumbrada com a brisa leve,
Que chega de todas as cores...

Mesclando-se em meus sonhos,
Que sempre estiveram aqui...
Voando e fazendo contornos,
Pelos espaços infinitos do ceú.

Quero ter certeza desse lugar,
Lembrar-me dessa beleza toda,
Sentir-me veemente ao acordar,
Que estive entre as estrelas...


Valquíria Cordeiro

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Venha...




Venha antes da
Lágrima cair...
Traga-me a tua luz
Antes que a solidão
Anoiteça e se aposse do
Meu olhar...
Derrama sobre o meu
Esse teu amor contido e
Sensível...
Cala-me o lamento
Da alma com teus beijos
E que meu coração ouça
Os sussurros dos teus
Desejos apaixonados...
Acolha-me na serenidade
Da paz quando em teu
Abraço quedar-me feliz...
Venha antes que eu
Adormeça na saudade...
Essa saudade que te
Ama intensamente...
Essa que soluça por ti...

®Cida Luz

Alta Tensão



Eu gosto dos venenos mais lentos,
dos cafés mais amargos,
das bebidas mais fortes,
e tenho apetites vorazes,
uns rapazes,
que vejo passar,
eu sonho,
os delírios mais soltos,
e os gestos mais loucos,
que há e sinto
uns desejos vulgares,
navegar por uns mares de lá
você pode me empurrar pro precipício,
não me importo com isso,
eu adoro voar."

Clarice Lispector

CANTIGA



Bem-te-vi que estás cantando
nos ramos da madrugada,
por muito que tenhas visto,
juro que não viste nada.

Não viste as ondas que vinham
tão desmanchandas na areia,
quase vida, quase morte,
quase corpo de sereia...

E as nuvens que vão andando
com marcha e atitude de homem,
com a mesma atitude e marcha
tanto chegam como somem.

Não viste as letras, que apostam
formar idéias com o vento...
E as mãos da noite quebrando
os talos do pensamento.

Passarinho tolo, tolo,
de olhinhos arregalados...
Bentevi, que nunca viste
como os meus olhos fechados...


Cecilia Meireles

Soneto da Separação



De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinicius de Moraes

Querer




Não te quero senão porque te quero
E de querer-te a não querer-te chego
E de esperar-te quando não te espero
Passa meu coração do frio ao fogo.

Te quero só porque a ti te quero,
Te odeio sem fim, e odiando-te rogo,
E a medida de meu amor viageiro
É não ver-te e amar-te como um cego.

Talvez consumirá a luz de janeiro
Seu raio cruel, meu coração inteiro,
Roubando-me a chave do sossego.

Nesta história só eu morro
E morrerei de amor porque te quero,
Porque te quero, amor, a sangue e a fogo.


PABLO NERUDA

Assim eu quero amar...



Como o vento sopra na flor
como a flor germina da terra
como a terra agradece a chuva
como a chuva cai das nuvens
como as nuvens protegem o sol
como o sol se projeta na natureza
como a natureza se oferece ao ser:

Assim eu quero amar...
o amor incondicional!

Denise Flor©

Oriente



manda-me verbena ou benjoim no próximo crescente
e um retalho roxo de seda alucinante
e mãos de prata ainda (se puderes)
e se puderes mais, manda violetas
(margaridas talvez, caso quiseres)

manda-me osíris no próximo crescente
e um olho escancarado de loucura
(em pentagrama, asas transparentes)

manda-me tudo pelo vento:
envolto em nuvens, selado com estrelas
tingido de arco-íris, molhado de infinito
(lacrado de oriente, se encontrares)


Caio Fernando Abreu

Faxinal do Céu





Entre as araucárias
se estende um manto verde
que desce até
a borda do lago.

Árvores ornamentais
dão um toque de beleza,
brindando a realeza
deste majestoso lugar.

Por entre as azaléias
caminha pensativa
a deslumbrante poetisa
em busca de poetisar.

Desfrutando momentos,
relembrando tempos passados,
cultivando o presente
em meio a tantas saudades!


Mauricio Chila Freyesleben

Dá-me tua mão



Amigo, que de longe vem,
pó do caminho nas vestes,
bondade no coração:
Pousa, qual pétala,
entre as minhas, a tua mão.
A amizade que trazes é tepidez
no cinza inverno dos dias!
E cheiram à cravo e rosa
tuas mãos de primavera.
Deixe-me sentir a doçura
de teu espírito azul,
fluindo...na maciez da palma.
De mão para mão.
De alma para alma!

Lenise Marques

Para ti



Se eu não chegar a tempo
Se eu não resistir até o próximo dia
Se eu embarcar sem aviso
Seu eu tomar chá de sumiço
Guarde esse pequeno escrito
Que pode até não ser bonito
Mas que fiz pensando em você
Então, se eu desaparecer
Lembre de relê-lo sempre
Para não esquecer da gente
Para me manter viva em ti
Relembrar da forma que sorri
Enquanto te escrevia esse verso.

Cáh Morandi

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Minha Rima



Minha rima agora se encanta
Busca em seus olhos, doce carinho
Em noites de lua clara, canta
Esperando seu calor, doce ninho
Minha rima agora fala de amor
ela já sabe que você existe
Recebe o poema e o calor
É alegre, nem mais resiste
Minha rima agora, é só sua
Meu coração descompassado ri
Enxerga a beleza do sol da lua
Minha rima agora,é esperança
Ela pensa escreve e canta
Passeia pela vida, feito criança!!!

(Maria Rita Bomfim)

Sou poeta



Sou um vendedor de sonhos
Um renovador de esperanças
Um construtor de ilusões
Um quebrantador de corações.

Sou uma brisa que passa
Quando há intenso calor
Através dos versos
Faço reviravoltas no amor.

Sou um provocador
Meu alvo é o sentimento
Onde com palavras rimadas ou não
Desperta-o dando-lhe fortes emoções.

Sou um contestador
Sensível tudo a sua volta
Que em versos, e provas
Não se cala, levantando a voz
Provocando a reflexão
Enfim, sou um poeta.

Ataíde Lemos

AMIGO



Não compreende, quem não for meu amigo,
meu jeito de ser amigo...
É sem estratégia...
É tão simples que chega
quase a ser simplório
Só não é simplório porque
porque quer ser tão sólido
quanto a renovação da vida...
E se renova mesmo quando meu amigo está buscando
a harmonia com tal dom...
Não procure em mim afagos ao ego...
Mas busque em mim
toda fidelidade de luta
todo entendimento que eu tiver é seu também...
Só há sentido se as coisas forem assim...

LUPI

LUCIANO LOPES

O meu mal



Eu tenho lido de mim, sei-me de cor,
Eu sei o nome ao meu estranho mal:
Eu sei que fui a renda dum vitral,
Que fui cipestre e caravela e dor!

Fui tudo que no mundo há de maior;
fui cisne e lírio e águia e catedral!
E fui, talvez, um verso de Nerval,
Ou um cínico riso de Chamfort...

Fui a heráldica flor de agrestes cardos,
Deram as minhas mãos aromas aos nardos...
Deu cor ao eloendro a minha boca...

Ah! De Boabdil fui lágrima na Espanha!
E foi de lá que eu trouxe esta ânsia estranha!
Mágoa não sei de quê! Saudade louca!

Florbela Espanca

Saudade



Saudade tem cor de ausência
Feito pétala esmaecida
Numa caixinha de lembranças
Guardada dentro do coração

Saudade tem tempo dolente
Dias de verão sem calor
Cheiro de melancolia
Num entardecer primaveril

Saudade tem nuance de tristeza
Sente fome da presença
Dilacera a alma
Sabor amargo sem viço

Saudade dor silente de amor
Tem olhos soluçantes
Tonalidade incolor das lágrimas
Orvalhando a face de solidão

Sarah Siqueira

Luz



Guardo a luz em velas
Que se dissolvem ao sol
Nas lindas manhãs
E nas mãos aqueço
A luz fria da noite
Onde as cores escurecem
Os sentidos claro da alma
Guardo as palavras sem cores
Entre os sonhos e segredos
Lembrando escrituras e estórias
Que não reviverei
Olho um horizonte distante
E adormeço com anseio
De alcançar coisas
Que nunca conheci

Conceição Bentes

Vento



Não queira dizer o que eu sinto,
Não se imponha ao meu coração,
Sou o que sempre fui, " o vento ",
Que sopra nos corredores do labirinto.

Quem me viu, nas montanhas andou,
Nos altos montes sentiu meu toque
Brisa ou vento leve soprou...
Mas nunca, na verdade me tocou.

Não sou mais o vento do mar,
Que sopra os casais no calçadão...
Sopro a verdade doída no ar
E por ela me caçam sem perdão.

Se me sente tua pele tocar,
Respeite minha natureza,
Não tente a mim trancar
Não tenho imagem, ou beleza...

Sou apenas a brisa constante,
pura força e sutilesa
Ainda que me queira amante,
sou peso da dor, do amor a levesa...


Mando Mago Poeta

Eu sei quando tu vens



Não preciso sondar os pensamentos
nem consultar meu vasto coração
para saber os dias e os momentos
em que me vens trazer consolação...

A mim me basta olhar pela janela
e abraçar a manhã no meu jardim,
pois sei que a claridade que vem dela
é a luz do teu amor dentro de mim...

Deixo a brisa tocar a minha face,
ouço as aves que vêm me visitar
e sei de cada rosa que renasce
o teu mágico instante de chegar...

Converso com o vento no telhado
onde o tempo costuma te esperar
de um futuro presente antecipado
por anjos que me vêm te anunciar...

No canteiro de beijos e jacintos
o odor suave de uma flor qualquer
inflama de desejos meus instintos
famintos de teu corpo de mulher...

Então eu sempre sei quando tu vens
sem que precises avisar-me quando...
O amor proclama quando tu me tens
e me prepara quando estás chegando.

Afonso Estebanez

CANTAR



Cantar de beira de rio;
água que bate na pedra,
pedra que não dá resposta.

Noite que vem por acaso,
trazendo nos lábios negros
o sonho de que se gosta.

Pensamento do caminho
pensando o rosto da flor
que pode vir, mas não vem.

Passam luas - muito longe,
estrelas - muito impossíveis,
nuvens sem nada, também.

Cantar de beira de rio:
o mundo coube nos olhos,
todo cheio, mas vazio.

A água subiu pelo campo,
mas o campo era tão triste...
Ai!
Cantar de beira de rio.


Cecília Meireles

PARA ONDE?



Pra onde vou? não sei
E por que as pessoas precisam saber
para onde vão?
Eu vou pra qualquer lugar
vou por aí,
onde quer que haja uma flor,
uma estrela,
um pedaço de nuvem..
onde quer que haja alguém
que saiba ler dentro de mim
que não saiba de onde vim
nem me faça perguntas...
Para onde vou?
Vou pra qualquer lugar
onde haja sorrisos
e lagos serenos
campos de alfazema
beiras de narcisos...
Se queres vir comigo
só te peço silêncio
Não espante as borboletas do caminho
e não perguntes nunca
para onde estou indo...

MARIZA ALENCASTRO

terça-feira, 28 de julho de 2009

Tem vezes...



Tem vezes
que eu só quero
ver você e o seu coração,
mas hoje,
tudo o que desejo ver
é a sua boca.
Ela é a única forma
de entrar dentro de você
e te conhecer de todas as formas.
Conhecer sem ver,
apenas sentir,
tocar,
acariciar,
beijar,
morder,
Degustar a tua saliva,
lamber o teu suor,
me perder em você;
dentro
e fora de você!


Mauricio Chila Freyesleben

“APRENDENDO A VERSEJAR”



Procuro por alguém
Que me ensine a versejar...
Quero escrever um poema,
E a ti ofertar...

Não quero ser poeta,
Muito menos escritor...
Mas escrever algumas linhas,
Para demonstrar meu amor...

Não sei quanto tempo
Vou demorar em escrever...
Mas será especial,
E gostoso de ler...

Estou certo deste amor
E de ninguém vou esconder...
Publicarei em jornal,
Assim que aprender...


RAUL DIAS

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Nosso Mais Profundo Medo


Nosso mais profundo medo
não é que sejamos inadequados.
Nosso mais profundo medo é que nós
sejamos poderosos além da conta.
É nossa luz, não nossa escuridão
que mais nos amedronta.
Nós perguntamos a nós mesmos,
quem eu sou para ser brilhante,
incrível, talentoso e fabuloso?
Realmente, quem você é para "NÃO" ser?
Seu joguinho não serve para o mundo.
Não há iluminação em se esconder
para que as pessoas não se sintam
inseguras a sua volta.
Quando nós deixamos nossa luz brilhar
inconscientemente damos às outras pessoas
permissão para fazer o mesmo.
Quando estamos libertos dos nossos próprios medos
nossa presença automaticamente liberta os outros.

(Nélson Mandela)

Males de Amor


Não se deve amar demais
Pode causar sofrimento
Pois só nascem vendavais
Quando há excessos de vento.

Quando o amor faz sofrer
Na vida desilusões
É talvez por se exceder
Em supérfluas paixões...

Por vezes o amor traído
Com mágoa pode gerar
Em qualquer coração ferido
Melindre para odiar!...

Nunca deixes que o ciúme
Controle todo o teu ser
Cala na alma o queixume
Por amor sabe sofrer ...

Tem que haver moderação
Sem ser amor doentio
E na sua dimensão
Ser perene como um rio...

Ama como se algum dia
Tivesses de odiar
Odeia com ironia
Podes voltar inda a amar!...

(Euclides Cavaco)